Arquivos para 30 de November de 1999

12079606_998205530243160_100171851842605764_nAdoro usar datas comemorativas como pretexto pra dizer coisinhas pertinentes, então, pra não perder o costume, lá vai:

Hoje é dia do irmão, e eu já parabenizei os meus. Assim eles são: imperfeitos, problemáticos, chatos, impertinentes e inconvenientes muitas vezes, irritantes ao extremo e  nada fáceis. Não me iludo de que não pensem o mesmo de mim, pelo contrário, a adjetivação vai ficar por aí mesmo, nesse patamar. Temos aquele relacionamento dualista de amor e ódio, guerra e paz, tapas e beijos e todos os similares, intermitentemente, desde antes de nos entendermos por gente.

Mas é claro que não tenho só coisas ruins pra falar deles. A parte do amor é muito bem amada, diga-se, não de passagem, mas para ficar registrado mesmo. Falo isso porque tantas vezes nos perdoamos e apoiamos e “embalsamamos” (eu posso dizer isso? já disse) feridas profundas uns nos outros… Gastamos nosso tempo, nosso dinheiro, nosso sono e paciência, pra segurar nossas barras quando, sabíamos, ninguém mais o faria. E apesar de doloridos, nunca nos sentimos no direito de não fazê-lo; apesar de difícil, nunca nos negamos; ou melhor, até mesmo quando nos negamos, o senso de “dever” fraternal, a força “do sangue”, dos laços, do amor e do perdão, estavam lá para nos fazer voltar atrás – e voltamos.

Foi assim que eu me aprendi irmã, e não sei ser de outro jeito. Na imperfeição da minha [louca] família, existe um pacto quase perfeito de “pro que der e vier” entre nós. Penso francamente que não somos os únicos.

Quando me converti, abracei minha família da fé com esse ardor e paixão fraternais que aprendi no meu lar. Eu achava um pouco brega aquele discurso de unidade e toda aquela cantoria trocando cálices no momento da ceia do Senhor, admito, mas na prática, eu era #TeamFraternidade. Cheguei a considerar mais “meus” os irmãos da fé, do que muitos parentes cossanguíneos, porque realmente levei (e levo) a sério as palavras de Jesus, bem como seu exemplo.

Acontece que Jesus disse coisas que nos responsabilizam uns pelos outros tão seriamente quanto irmãos são comprometidos entre si – ou mais. O termo IRMÃO, em primeiro lugar, não é figurativo, visto que nascemos de novo [espiritualmente] NA MESMA FAMÍLIA, e somos um só em Cristo. Eu não sei quanto a você, mas isso mexe comigo: Ele disse que somos membros de um mesmo Corpo – o SEU CORPO, “De maneira que, se um membro padece, todos os membros padecem com ele; e, se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele.”
1 Coríntios 12:26

Não bastasse isso, Jesus mencionou certa vez, ao ouvir o anúncio de que sua mãe biológica e seus irmãos de sangue o procuravam, que sua família eram aqueles que ouviam e obedeciam à Palavra de Deus. “Eis aqui minha mãe e meus irmãos;
Porque, qualquer que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus, este é meu irmão, e irmã e mãe.” Mateus 12:49,50 disse.

Ele ensina, direta e indiretamente, de várias maneiras, com sua vida e palavras, que a consideração que temos por um irmão espiritual deve ser levada a sério de tal forma (e significa tanto) que serve de prova dos 9 para distinguir aqueles que são salvos dos que não são. 1 João 3:14

Eu poderia escrever milhares de linhas aqui, ou até mesmo um livro inteiro sobre como Jesus, pessoalmente, via a família espiritual, e como ensinou aos discípulos a gravidade do relacionamento que nutrimos com, veja bem, preste bastante atenção: NOSSOS IRMÃOS. Eu não estou falando em como lidamos com os PERDIDOS, aqueles que não ouviram falar de Jesus… estou falando dos IRMÃOS DA FAMÍLIA DA FÈ, aqueles que, assim como nós, fazem parte de um organismo vivo cuja cabeça é nosso Senhor Jesus Cristo.

Muito me admira que alguns de nós, considerando-se já maduros no entendimento das Escrituras,.ainda ajam como meninos nesse quesito. Ainda me espanta nosso ardor pelas nações, nossa paixão por missões transculturais, nossa preocupação com os perdidos, quando ainda não aprendemos a tratar os que “caem” ao nosso redor, nossos irmãos, com o amor e a misericórdia que carnais oferecem uns aos outros em momentos de necessidade – e os espirituais deveriam dispensar em muito maior medida.

Os irmãos se apoiam, se aconselham, se  importam, se brigam, se perdoam, se ligam, se presenteiam, se irritam, se intrigam e se fazem as pazes, mas estão sempre lá. Com óóóódio porque “aquele abestado não aprende nunca, e eu avisei”, mas estão lá.

São os irmãos que seguram nossa mão no hospital quando sofremos um acidente, ou que nos levam pra casa quando está tarde e é perigoso voltar de ônibus. São eles que se afligem quando adoecemos, e nos socorrem quando a provisão nos falta, que nos emprestam dinheiro e acreditam nos nossos sonhos. Eles se preocupam quando há tristeza nos nossos olhos e estranheza no nosso comportamento. Mesmo quando estamos errados, é proibido a eles desistir de nós. Eles não nos cortam na carne, e se o fazem, erram gravemente.

Certa vez ouvi que, aos pecadores, redenção, aos irmãos, perdão – e nunca mais esqueci. É muito fácil ser Jesus pra alguém lá fora, que você não conhece e nunca te trouxe nenhum prejuízo ou dor. É fácil FALAR de Jesus, difícil é SER COMO ELE. Este é o verdadeiro cristianismo: o amor “não apenas de palavra e de língua, mas de fato e verdade” 1 João 3:18, , ainda que não seja praticado pela maioria.

No dia do irmão, eu só consegui pensar (além disso tudo que falei, hehehe) na gratidão que há no meu coração a Deus pelos poucos que tenho, que me suportaram nas minhas falhas e continuaram acreditando em mim, me dando o amor e a misericórdia que eu precisava no tempo oportuno. Desejo honrá-los e dizer que vocês foram os braços de Jesus me acolhendo e sua voz me consolando. Eu os amo e desejo retribuir à altura – mesmo com todos os aperreios.

Valeu mesmo, vocês são massa!