É interessante o conceito que muitos de nós temos a respeito de conhecer a Deus. Percebo que há uma dificuldade em aceitá-lo como sendo uma pessoa, que tem individualidade, pensamentos e sentimentos, assim como nós.
Geralmente, nos esquecemos que fomos feitos à sua imagem e semelhança, o que significa que quase tudo o que somos, é porque ele mesmo o é. Creio que é por essa razão que não o temos conhecido como ele mesmo gostaria, e ficamos sempre à margem daquilo que ele propõe em termos de relacionamento.
Gosto de pensar que conhecer a Deus seja como conhecermos qualquer outra pessoa. Já pensou nisso?!
Observe como existem pessoas que nós só conhecemos de ouvir falar ou que já as tenhamos visto apenas de relance. Destas, não sabemos quase nada a respeito, exceto talvez o nome ou algo que outros nos falaram sobre suas atividades profissionais. Há também aquelas com as quais temos um relacionamento superficial, pois fazem parte do nosso cotidiano, trabalham conosco, congregam na mesma igreja, etc., mas que não sabemos muito sobre elas. Outras há que são mais próximas a nós, como nossos amigos mais íntimos, que sabem a data do nosso aniversário, gosto musical, algumas das nossas virtudes e alguns dos diversos defeitos que temos.
Porém, o nível mais profundo de relacionamento que experimentamos, geralmente acontece com aquelas pessoas que vivem debaixo do mesmo teto conosco. Nossos pais, irmãos, cônjuges… São eles que sabem dos nossos problemas, que nos viram crescer e superar traumas, que nos socorrem quando “entramos numa fria”… Enfim, estes nos conhecem melhor do que quaisquer outras pessoas, e não haveria como ocultar deles aquilo que somos, ainda que quiséssemos, pois o relacionamento constante produz a intimidade, e é ela que proporciona o conhecimento profundo.
Assim também é com o Pai. Existem vários níveis de relacionamento que podemos alcançar na comunhão com ele. Vemos muitas pessoas que ouvem falar de Deus e até viram algumas manifestações do seu poder, mas tudo que sabem sobre ele é a respeito de um “vago Natal com o menino Jesus e um pouco de Papai Noel”. Elas não conhecem quase nada sobre Deus.
Há aquelas, por sua vez, que têm um relacionamento superficial com o Pai. Já foram “apresentadas” a ele por meio do novo nascimento, mas ainda não sabem quem ele é de fato. Algumas até servem na igreja e freqüentam os cultos, mas não se dedicaram a gastar tempo de comunhão com Ele o suficiente para saber do que gosta, como pensa e vê a vida. Muitos cristãos passam toda a sua vida assim: aceitam que a palavra é a verdade, mas não prosseguem em conhecer ao Senhor.
É uma situação bem diferente daqueles que se tornaram amigos íntimos do Todo-poderoso. Estes sabem sobre Deus, e podem falar até com certa propriedade das coisas que viram e ouviram da parte dele. Se Deus se vestisse, por exemplo, eles até saberiam escolher uma bela camisa para presenteá-lo. Entretanto, este nível de relacionamento seria muito bom, se ainda não fosse aquém das expectativas de Deus.
A verdade é que nada se compara a “viver debaixo do mesmo teto com Deus”. Assim como acontece com as pessoas que moram conosco e nos conhecem mais do que quaisquer outras. Não significa “encontrar com ele” nas noites de domingo ou nos cultos de oração, mas dormir e acordar com ele, todos os dias até em fins de semana e feriados, andando em constante comunhão no espírito, dedicando a vida, os pensamentos, as decisões, compartilhando segredos, dando e recebendo, correndo para o seu colo nos momentos de dor, buscando ajuda em momentos de aflição, comemorando junto as conquistas…
Essa é a proposta da Nova Aliança!
Não me refiro apenas a ter a vida de Deus dentro de nós, mas usufruir dessa vida em plenitude. Refiro-me a conhecer a Deus, relacionando-nos com ele. A Palavra nos convoca a isto!
(Oséias 6.3) – Então conheçamos, e prossigamos em conhecer ao SENHOR.
Conhecer é muito mais que ter informações sobre algo ou alguém. É a informação adicionada à prática. É experimentar a informação. Isso requer tempo e dedicação. E por mais que resistamos a essa idéia, é justamente esse o nível de intimidade ao qual fomos chamados. Se a palavra diz que podemos, é porque podemos!
Deus enviou o seu próprio Espírito para habitar em nós a fim de que possamos conhecê-lo também, e intimamente! Pois “o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus” (1Co2.10).
Hoje nós podemos experimentar Deus. Temos a sua palavra nos informando sobre seu caráter, sua natureza, seus propósitos, mas também possuímos o seu divino Espírito para tornar esta Palavra real na nossa própria vida. Podemos dizer que sabemos quem ele é, porque “tem sido” em nós e temos provado da sua poderosa presença e manifestação, por menores que possam parecer aos olhos dos incrédulos.
Existe uma unção disponível para que os filhos conheçam o Pai celestial, e experimentem uma vida debaixo do mesmo teto com Deus. Damos graças a Deus por isso, pois os servos não têm parte na herança, no entanto, os filhos usufruem de tudo que é do Pai, e têm o privilégio de serem íntimos o suficiente para serem também amigos e desfrutar da sua maravilhosa presença.
Luciana Honorata