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A Ilusão da Revolução

20 de junho de 2013 — 15 Comentários

imagesO país está fervendo e não se fala em outra coisa além da suposta revolução que se iniciou por causa dos benditos vinte centavos do aumento da passagem de ônibus. Ta, “não foi por causa dos vinte centavos”, ok, esse foi o estopim de um povo indignado pela corrupção e descaso dos governantes que têm abusado do poder que lhes foi atribuído democraticamente. Em outras palavras, o povo “cansou”, e agora quer revolucionar a ordem do país para que o progresso de fato aconteça.

Sair às ruas, levantar cartazes, organizar manifestações nas redes sociais, murmurar online e protestar em praça pública, portanto, tornou-se o novo hit do momento, e depois de ver inúmeros cristãos aderindo aos “movimentos revolucionários”, decidi abordar a questão da maneira mais bíblica que a luz que eu tenho da Palavra me permita.

Particularmente, considero tudo isso uma imensa ilusão, e já pretendo explicar o porquê. Não estou falando a respeito da busca por um país melhor, ou de se “lutar” para fazer valer os direitos do povo pois, de fato, são legítimos e devem ser requeridos. Falo, contudo, dos meios que estão sendo usados para se atingir os fins, isto é, estou me referindo a todos esses protestos repletos de vandalismo e desrespeito ao próximo. Continue lendo…

200289543-002Agora que já entendemos que a Bíblia é uma revelação progressiva, podemos compreender que o Novo Testamento explica o Antigo e que muito do que foi escrito lá atrás era uma declaração específica, para um povo específico que estava numa condição específica, ou seja, não serve integral e especificamente para nós.

Não é o caso, entretanto, de ser inútil – isso seria, inclusive, uma blasfêmia, pois o apóstolo Paulo claramente aponta que “toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, correção e educação na justiça”. É só que ler o “obscuro” é o caminho mais longo para se compreender a vontade de Deus; além disso, verdade seja dita, indo por lá é mais provável que a gente se complique mais do que se ajude.

Veja bem, a questão é que nem tudo o que está escrito na Bíblia foi escrito para a Igreja! Nós podemos sim, tirar proveito de tudo o que está escrito de algum modo, mas isso não quer dizer que todas aquelas palavras foram direcionadas a nós, e é aí que temos errado.

Precisamos compreender que apesar de Deus não ter mudado, a situação em que o homem se encontra diante de Deus mudou muito ao longo das eras. Deus continuou sendo o mesmo, no entanto, a condição do homem mudou.

Adão, por exemplo, tinha uma condição antes de pecar e outra depois – ele já não era o mesmo depois de desobedecer a Deus, logo, seu relacionamento com ele e as regras que o regiam não eram iguais.

Do mesmo modo, depois da Lei ser entregue a Moisés, a situação do homem perante Deus também mudou, pois a partir de então um regulamento que deveria ser seguido e pelo qual o homem seria julgado foi estabelecido.

Com a vinda de Cristo, sua morte e ressurreição, outra realidade foi instituída e, consequentemente, uma nova era (a da graça) com uma nova lei (do amor) se iniciou.

É claro que estou sendo simplista e resumindo tudo pra facilitar a nossa vida! O que eu quero, é que fique claro que a Bíblia é um conjunto de livros que, reunidos, contam uma história que só faz sentido quando sabemos lê-las.

A primeira coisa a ser considerada aqui, portanto, é que o Antigo Testamento não foi escrito para a Igreja de Cristo, isto é, não foi direcionado a ela. Se ele fosse uma carta, no campo “destinatário”, estaria escrito “aos Judeus Israelitas”.

Ora, isso explica muita coisa!

Explica, por exemplo, porque eu me senti tão mal ao ler as terríveis palavras de Jeremias para o povo de Judá.

De vez em quando, na minha infância espiritual, eu abria a Bíblia com o intuito de conhecer Deus e, como alguém havia me dito que a Bíblia era Deus falando comigo, como boa crente que sempre fui (e modesta, é claro, rs…), acreditei naquilo. Abri em Jeremias 17 e li:

“O pecado de Judá está escrito com um ponteiro de ferro e com diamante pontiagudo, gravado na tábua do seu coração e nas pontas dos seus altares… os teus bens e todos os teus tesouros darei por presa, como também os teus altos por causa do pecado, em todos os teus territórios! Assim, far-te-ei servir aos teus inimigos, na terra que não conheces… Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?”

“Enganoso… meu coração… corrupto… servir meus inimigos… terra estranha… ferro no coração… pecado… Ai, Jesus, me acode!”, eu pensava. E ficava com aquele sentimento de condenação, tentando me lembrar de cada pecado não confessado, procurando “cabelo em sapo”, com medo de Deus, como se a qualquer momento pudesse ser fulminada.

Mas, ei! não era a respeito de mim que Deus estava falando aquilo. Nem é a seu respeito, irmão (aleluia, o conhecimento realmente liberta!). Isso não tem nada a ver conosco, mas eu me perguntava como podia haver tantas coisas boas e ruins ao mesmo tempo escritas sobre nós dentro da mesma Bíblia. Como poderia Deus parecer um bipolar, bastando, para isso, virar algumas páginas?!

Simples: o Antigo Testamento não foi endereçado a nós.

O que Jesus resumiu como “a Lei de Moisés, os Profetas e os Salmos” (Lc 24.44) – o Antigo Testamento – era direcionado aos judeus, e contava uma história e regulamentava um modo de vida que lhes servia naquele tempo, antes de Deus resolver as coisas de forma definitiva através de Jesus. Mas tudo aquilo durara até João Batista (Lc 16.16), e a partir de então começou a ser anunciado o reino de Deus e, somente depois, ser gerada a Igreja.

Para falar bem a verdade, a Igreja ainda não existia nos tempos do AT e ninguém sequer sabia que ela um dia haveria de ser – ela era um mistério. Ninguém tinha conhecimento de que os gentios (todo aquele que não era descendente de Abraão e, portanto, que não era judeu), um dia poderiam ser considerados como povo de Deus, e que o Todo Poderoso ia confundir a teologia dos doutores da Lei, unindo todos os seres humanos (judeus e não-judeus) num só Corpo – a Igreja.

Quando lemos o Antigo Testamento, portanto, estamos vendo Deus tratando com o homem nas limitações daquela época, quando Jesus ainda não tinha vindo e resolvido o problema do pecado, isto é, quando a Nova Aliança ainda não havia sido estabelecida no seu sangue e o coração do homem ainda não havia sido purificado pelo sacrifício de Cristo.

É por essa razão que não é bom que comecemos a ler a Bíblia a partir de Gênesis, mas o ideal é começar pelo Novo Testamento – formado pelos Evangelhos, Atos dos Apóstolos e pelas Epístolas, dando especial atenção a estas, pois foram cartas escritas pelos apóstolos para as igrejas da época com o intuito de instruí-las, corrigi-las e fundamentá-las na verdade.

Elas simplificam (e muito) a nossa vida pelo simples (e maravilhoso) fato de serem direcionadas a nós! Foram escritas para explicar-nos como deve ser a nova vida em Cristo, e quais são as regras que estão valendo depois de estabelecida a Nova Aliança!

Ora, esta é uma Nova Aliança ou um Novo Contrato que, segundo a explicação das epístolas, é superior à Antiga, firmada ou estabelecida em promessas superiores (Hb 8.6) e tem novas regras! (Hb 7.12)

A igreja tem errado em ficar se detendo na leitura e no estudo do Antigo Testamento, firmando suas pregações e ensinamentos naquilo que disse Moisés, naquilo que fez Elias, nas atitudes que teve Davi e os demais profetas. Estamos numa melhor condição que todos eles, e precisamos nos orientar pelos referenciais certos!

Irmãos, estamos numa aliança superior!!!

Biblia

A primeira dica realmente importante para quem quer ler a Bíblia corretamente, é entender que ela é uma revelação progressiva. Pode ser que você já tenha ouvido essa expressão, mas não saiba exatamente o que ela significa, e o objetivo aqui é esclarecer esse princípio.

Afinal, o que é essa tal revelação progressiva de que as pessoas tanto falam?

Significa dizer que Deus se revelou para o homem progressivamente, de modo que o homem sabia muito pouco a respeito de Deus no princípio, mas aos poucos, gradativamente, ele foi revelando a si mesmo e a seu propósito para a humanidade. É como se aquilo que era “obscuro” fosse clareando mais e mais, até que houvesse luz suficiente para que fosse visto com clareza.

É por essa razão que nos embaraçamos tanto quando lemos a Bíblia do começo, a partir de Gênesis, pois queremos entendê-la olhando para o nebuloso, quando o ápice da revelação de Deus se dá com a presença de Jesus na Terra. Hebreus diz:

“Há muito tempo Deus falou muitas vezes e de várias maneiras aos nossos antepassados por meio dos profetas, mas nestes últimos dias falou-nos por meio do Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas e por meio de quem fez o universo. O Filho é o resplendor da glória de Deus e a expressão exata do seu ser…” (Hebreus 1.1-3)

Sim, Deus falou com o homem desde o princípio, não poucas vezes, mas muitas, e não somente de uma maneira, mas de diversas. Deus falou com o povo por meio dos profetas e da Lei, no entanto, desde que Jesus começou seu ministério até os tempos de hoje, é por meio dele que Deus nos fala, e é a ele que devemos ouvir, pois ele é a “reprodução precisa de Deus em todos os aspectos”.

Jesus é o ponto final da progressão na qual Deus se revelou, o clímax dela. Ele é aquele que dá sentido ao início, meio e final da Bíblia. Diz-se que ele é a “chave hermenêutica” das Escrituras, e essa expressão tão bonita quer dizer, simplesmente, que se quisermos compreender qualquer coisa que esteja escrita entre Gênesis e Apocalipse, devemos ter em mente que tudo é sobre Jesus, aponta para ele e converge na sua pessoa. Ele é a expressão EXATA de quem é Deus, e ao mesmo tempo de como nós, filhos, devemos ser.

Isto nos mostra que o Novo Testamento é a palavra final. Ele interpreta o Antigo. O livro de Hebreus é um excelente exemplo disso, pois foi visivelmente escrito para esclarecer que todos os ritos e cerimoniais da Lei eram uma figura, um “tipo”, uma sombra da realidade consumada por Jesus. Na verdade, Hebreus explica o propósito do Pentateuco e encerra a questão – estamos em uma aliança superior, baseada em superiores promessas. (Hb 8.6)

É por isso que quando pregamos no Antigo Testamento devemos pensar sobre que aspecto de Jesus o texto mostrará, já que a tônica da pregação da Igreja deve ser Cristo. O uso correto da Bíblia, portanto, é que o Novo Testamento é a revelação final de Deus, e a Bíblia deve ser interpretada sempre à luz da pessoa e dos ensinos de Jesus.

Lucas 16.16 diz: A lei e os profetas duraram até João [Batista]; desde então é anunciado o reino de Deus, e todo o homem emprega força para entrar nele.

Por que, então, ainda queremos tomar o Antigo Testamento regra de fé? Porque não compreendemos isso muito bem, mas vamos chegar lá!

João, inspirado pelo Espírito Santo, disse algo fantástico que lança muita luz nessa questão:

Ninguém jamais viu a Deus, mas o Deus Unigênito [Jesus], que está junto do Pai, o tornou conhecido. (João 1.18 – NVI)

Jesus fez com que soubéssemos quem é Deus, ele nos mostrou o Pai! A versão Revista e Atualizada diz que ele o REVELOU, e de fato, a palavra grega utilizada é exegeomai, que quer dizer “intérprete”, “porta-voz”, “aquele que guia ou conduz até”, assim como os mestres da Lei se levantavam nas sinagogas para interpretá-la. Jesus, entretanto, interpreta Deus para nós com exatidão, e não com uma vaga ideia a seu respeito.

Mas olha só, o mais importante é que João não diz isso assim, “do nada”. Ele diz essas palavras justamente depois de afirmar que Deus havia dado a Lei a Moisés (o Antigo Testamento), mas que a GRAÇA e a VERDADE vieram por meio de Jesus Cristo (v.17), o que significa que ele está dizendo basicamente algo como: “Nem mesmo Moisés, a quem Deus entregou a Lei, chegou a vê-lo (apesar de tradicionalmente os judeus pensarem que ele o viu face a face); logo, ele não o conhecia bem o suficiente a ponto de falar a seu respeito com propriedade, já que tinha uma noção muito limitada da sua pessoa. Moisés nem sequer trouxe a verdade, mas a Lei, que apenas conduzia até aquele que a traria”.

Em contraste com isso, João diz que Jesus trouxe a graça e a VERDADE, o que equivale dizer, em termos práticos, que antes de Cristo não havia verdade no mundo, mas apenas vislumbres dela. E ele não somente viu a Deus, como nos revelou o seu caráter e propósitos, posto que os conhece muito bem.

Em suma, o objetivo do texto é mostrar que é somente por meio de Jesus que podemos conhecer a Deus. Que Cristo é o único que tem propriedade, competência, condições de nos mostrar quem é o Pai. É olhando para Cristo que entendemos os porquês do antes (Antigo Testamento), do agora e do depois (o milênio que iremos inaugurar com a sua segunda vinda, e a eternidade que nos aguarda).

Certa vez Filipe pediu ao próprio Jesus que lhes mostrasse o Pai, e se Jesus fosse nordestino, tinha chamado ele de abestado, tenho certeza! “Ta vendo não, menino?! Pelamordedeus, olhe pra mim que é a mesma coisa, meu filho! Esse tempo todo pra cima e pra baixo com vocês, e ainda não perceberam que tudo o que eu faço é pra mostrar quem ele é? Aquilo que eu digo é porque ouço dele, e aquilo que faço é porque vejo ele fazer!” (João 14.8-11). Entendeu agora ou quer que eu desenhe?! (essa parte digo eu, não o Senhor, só pra descontrair rsrs…)

Mas o fato, é que isso Moisés e a Lei não podem fazer, até porque não lhes pesa como obrigação (a Lei nunca pretendeu revelar Deus, mas guiar o homem até aquele que o faria). Davi também não o pode, mesmo com tantos salmos maravilhosos e proféticos, inspirados pelo Espírito. Elias e Eliseu, com toda a sua unção e poder, apenas o apontam e glorificam, mas nenhum deles lhe explica de fato. Afinal, nenhum míope pode produzir uma pintura fidedigna à realidade da “paisagem”.

*Continua no próximo post… Até lá! 😉

aliança com DeusQuem vai me separar do amor de Cristo?

Ninguém, absolutamente, pois não há como fazê-lo!

Nem problemas, nem tempos difíceis, nem ódio, nem amargura, nem fome, nem desamparo, nem vergonha, nem ameaças, nem punhaladas nas costas, nem medo, nem mesmo os piores pecados listados nas Escrituras…

Nada disso me intimida, porque Jesus me ama.

Estou plenamente convencida de que NADA – nem a morte nem a vida, nem anjos ou demônios, nem a situação presente e nem qualquer circunstância futura, nem poderes, nem alturas vertiginosas ou profundidades insondáveis, nem distâncias, nem silêncios, nem vazios, nem qualquer criatura do universo – ABSOLUTAMENTE NADA! pode me separar do amor de Deus por mim, que foi provado na cruz, pelo sacrifício do meu Jesus!

Eu sou DELE e ele é MEU.

Esse amor está em mim, e eu estou nele.

Somos UM, unidos e misturados, sem emendas…

E continuaremos assim para todo o sempre, eternamente, amém!

Jesus é maior que a religião

20 de janeiro de 2012 — 1 Comentário

Um vídeo contendo um belo e verdadeiro poema sobre o que de fato Jesus Cristo representa.

Simplesmente show!

Dispensa quaisquer comentários…

De um modo geral, adoro os vídeos do Rob Bell, mas esse é demais!

Ser discípulo é bem mais do que ir à igreja… Seja abençoado!

Jesus ou Yeshua?

19 de junho de 2011 — 2 Comentários
Olá povo!

Enquanto não chega o tempo de postar algo novo (por pura falta de tempo mesmo!) , vou “Compartilhando Rhema” com vocês novamente. O irmão Flávio Barros falou de um assunto que vez por outra encontro alguém com dúvidas sobre ele…

Bom, se vc um dia se perguntou sobre qual a forma correta de se reportar ao seu Senhor, aqui vai uma ótima explicação para tirar este fardo de sobre a sua vida. Lê aí, sê edificado e visita o blog pra lá de abençoado do nosso irmão da fé!

Grande beijo a todos e até o próximo post! =)

Lu Honorata.

JESUS OU YESHUA?

“Certa vez, encontrei um amigo desnorteado, parecia que estava perdido em seus muitos pensamentos, ao ver-me ele disse-me: “Estou com algumas dúvidas a respeito da minha fé, pois ao lê um artigo religioso, entendi, que todos nós estamos enganados, o artigo dizia que adoramos um falso deus, pois o nome do verdadeiro Jesus é Yeshua. Já que um nome próprio não deve ser traduzido e sim apenas transliterado, ao adorar a Jesus, adoramos a um falso deus”. Continue lendo…

O que Deus quer para você?

27 de janeiro de 2011 — 6 Comentários

“…não vos torneis insensatos, mas procurai compreender qual a vontade do Senhor.” (Efésios 5.17)

Eu sei, essa é uma das perguntas mais feitas pelos cristãos. A gente se converte, passa instantaneamente a ter prazer na Lei de Deus, e já começa a “fuçar” nas coisas espirituais a vontade de Deus para nossas vidas. Queremos saber o que o Pai espera de nós, os planos que ele tem a nosso respeito. Desejamos fazer a sua vontade imprescindivelmente. Continue lendo…

Olá pessoal!

Vai aqui um texto super edificante do nosso irmão e mestre Natan Rufino a respeito de firmeza doutrinária, publicado na revista Conexões, da Alumni Rhema. Vale a pena ler cada linha!

Muita gente conhece bem o texto que diz “errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus”. Quem disse isso? Sim, foi o próprio Jesus em pessoa! Isso é pensamento dele! É ideia sua! Esse é o seu ponto de vista a respeito do assunto em questão. Mas aí é que está: qual é o assunto em questão? Preparado ou não para saber a resposta, aí vai: doutrina era o assunto em questão! Jesus explicava aos seus opositores como desenvolver, em sua vida de devoção a Deus, a firmeza doutrinária necessária para conseguir escapar dos “ensinos dos demônios”. Continue lendo…

A Ponta do Iceberg

25 de novembro de 2010 — Deixe um comentário

É muito fácil falar bonito sobre o amor. A própria palavra já evoca coraçõezinhos voadores e rechonchudos nas nossas mentes, além de histórias dramáticas de amores infinitos e não-consumados. Falar de amor ou de novela hoje em dia pode representar a mesma coisa para alguns, entretanto, o amor bíblico é bem diferente.

Não pretendo que este texto seja mais uma apologia a 1 Coríntios 13. Eu sei que este é considerado o “capítulo do amor”, pois a precisão de Paulo ao falar sobre o assunto foi marcante e oportuna, além de muito útil. Mas eu não tenho visto mais este capítulo como a única ou principal chave para o conhecimento do amor, pois tenho percebido que fechamos os olhos para a forma como a Bíblia ousa defini-lo.

Notei que ainda mais rica que a descrição poética, precisa e fervorosa de Paulo sobre o verdadeiro amor, inspirado pelo doce Espírito Santo, é a insistente demonstração do mesmo por toda a Bíblia, sobretudo nos evangelhos.

Lemos 1 Coríntios 13, esquecendo-nos ou ignorando que ele está demonstrado de forma prática em cada atitude expressa de Deus, e principalmente na forma como Jesus viveu.

Quer ver como estamos enganados, todos nós? Pergunte a um ímpio sobre amor, e ele lhe falará sobre “paixão avassaladora” ou sobre envelhecer ao lado de alguém; pergunte a um cristão, e ele lhe falará de uma cruz.

Não que a cruz de Cristo seja um problema, pois de fato, ela foi a solução. Mas entenda, vemos a cruz, pontualmente, o momento da crucificação, da morte, lá no monte… A cruz, os cravos, a dor. Mas eu acredito piamente que a cruz de Cristo foi apenas – e me perdoe pelo “apenas” – a “ponta do iceberg”.

Os icebergs são grandes blocos de gelo imersos no mar que parecem ser pequenos, pois apenas 10% da sua massa aparecem do lado de fora da água (a ponta do iceberg), dando uma impressão equivocada sobre as suas reais dimensões.

Não é interessante perceber que Jesus viveu certo tempo neste mundo e, assim como um iceberg, seu ministério – a parte “visível” da sua vida – tenha correspondido a aproximadamente 10% deste período? Foram trinta e três anos dos quais só temos conhecimento de cerca de 3 anos e meio.

Certamente Jesus não sofreu apenas no Calvário, ou durante seu tempo de ministério nesta terra, pois de que valeria a cruz de Cristo, se ele tivesse vivido “de qualquer jeito”, sem nenhum tipo de sofrimento, fazendo o que queria sempre que “dava na telha”? Não teria valor algum! Foram os 33 anos de “dores” que o prepararam para aquele momento que dividiria os tempos!

Essa cruz, tão falada e tão amada, foi o ápice de uma vida crucificada. Muitos a apontam como o supremo ato de amor de Cristo, todavia, ela foi o cume de uma trajetória de renúncias e agonias por amor a nós, e ao Pai.

Penso honestamente que, às vezes, nos esquecemos de que Jesus era gente. Sim, gente como a gente, de carne e osso, que possui desejos, sonhos, fome, sede… Gente que vai ao banheiro, que fede quando sua e se aborrece quando é contrariado. É como se ignorássemos o fato de que, junto com o corpo preparado por Deus para ele (Jo 1.14, Hb 10.5), também tenham vindo as concupiscências da carne.

Não! Não venha me dizer que Jesus não tinha concupiscências, pois a Bíblia fala que ele foi tentado como nós, porém, sem pecado (Hb 4.14-15), e “cada um é tentado, quando atraído e engodado {ou seduzido} pela sua própria concupiscência” (Tg 1.14). Logo, se Jesus foi tentado, foi atraído e seduzido pela concupiscência que havia nele.

Sim, Jesus era preservado do pecado pela comunhão que nutria com Deus, entretanto, ele sofria às tentações penosamente, crucificando a carne com as suas concupiscências cada vez que decidia não mentir, não se ensoberbecer, não invejar, não fornicar… Enfim, cada vez que renunciava “cometer seus próprios erros”, que como ser humano poderia sentir-se no “direito” de cometer.

Já pensou se ele tivesse falado as coisas que ouvimos alguns cristãos dizerem por aí? Tipo: “É a minha vida, tenho direito de errar, ninguém tem nada com isso…” ou “errar é humano”. Não, ele não fez isso… Ele SOFREU.

Amor que é amor é aquele que renuncia o seu direito em favor do outro. Isso sim é uma cruz! É aquele que paga o preço de não lançar mão até do que lhe é permitido quando isto significa prejudicar alguém; que sente a dor para não ver o outro agonizar; que acredita e investe quando o terreno parece árido e infértil…

Paulo disse que o amor é sofredor, e é importante frisar que Jesus não sofreu apenas na cruz.

Particularmente, eu penso em quantas vezes ele quis ceder à sua carne, e jogar bola com os amiguinhos ao invés de ler a Bíblia…

Penso como ele pode ter desejado deitar numa rede e descansar em vez de “ir a pé até Cafarnaum” debaixo de sol escaldante, ou em como deve ter sido duro para ele suportar as injúrias, os escárnios, a incredulidade da própria família, a companhia de um traidor e o irritante som das multidões alvoroçadas, quando tudo que ele queria fazer talvez fosse “reclinar sua cabeça” e ter um pouco de sossego…

Penso em quantas vezes ele quis dar uma resposta desaforada e atrevida aos fariseus, ou talvez até a Maria, quem sabe…?

Quanto “sapo” Jesus deve ter engolido, sendo homem, para fazer a vontade do Pai e representá-lo fielmente!

A Bíblia diz que a prova do amor de Deus foi ter-nos dado Jesus, SEU filho, herdeiro e sócio dos negócios celestiais, quando ainda éramos pecadores. Eu, porém, digo que a prova do amor de Jesus, pelo Pai e por nós, foi ter suportado paciente e penosamente, tudo que lhe fora confiado.

Foi pensando sobre tudo isso que concluí que não sabemos ainda o que é amar… Bom, pelo menos a maioria de nós ainda não aprendeu como amar a Deus e aos nossos como convém, com esse amor incondicional e sofredor, que nega a si mesmo e se desgasta pelo outro, acreditando que esse é o caminho para a glória.

Quando estivermos dispostos a ter uma vida assim, crucificada, dia após dia, e não apenas um momento, saberemos que o amor é um andar cotidiano, e não um gesto momentâneo, um texto na internet, ou uma pregação na calçada…

Assim, portanto, a exemplo da cruz de Cristo e dos icebergs, seja também o nosso proceder. Nem sempre as pessoas verão tudo o que fazemos e sofremos por amor ao Senhor e à sua Palavra, contudo, é este sofrimento que irá nos aperfeiçoar com um peso de glória que ecoará por toda uma eternidade.

“… se com ele sofremos, também com ele seremos glorificados. Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós… Como está escrito: Por amor de ti, somos entregues à morte o dia todo, fomos considerados como ovelhas para o matadouro.” Romanos 8.17-18,36

Luciana Honorata

Arco-íris

11 de agosto de 2009 — 1 Comentário

Eu sempre adorei ver arco-íris. Para mim, sempre foi fascinante ver um pedacinho do céu colorido… Dava-me uma sensação de que Deus houvesse acordado de bom-humor naqueles dias. Era um misto de alegria, paz e mistérios infantis, envolvidos em torno dessa bela expressão do amor de Deus.

Demorei a descobrir o verdadeiro significado do impressionante arco que corta o céu com graça e, pasmem! Não é o de apontar o caminho até o “pote de ouro”.

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