Arquivos para 30 de November de 1999

A Ilusão da Revolução

20 de junho de 2013 — 15 Comentários

imagesO país está fervendo e não se fala em outra coisa além da suposta revolução que se iniciou por causa dos benditos vinte centavos do aumento da passagem de ônibus. Ta, “não foi por causa dos vinte centavos”, ok, esse foi o estopim de um povo indignado pela corrupção e descaso dos governantes que têm abusado do poder que lhes foi atribuído democraticamente. Em outras palavras, o povo “cansou”, e agora quer revolucionar a ordem do país para que o progresso de fato aconteça.

Sair às ruas, levantar cartazes, organizar manifestações nas redes sociais, murmurar online e protestar em praça pública, portanto, tornou-se o novo hit do momento, e depois de ver inúmeros cristãos aderindo aos “movimentos revolucionários”, decidi abordar a questão da maneira mais bíblica que a luz que eu tenho da Palavra me permita.

Particularmente, considero tudo isso uma imensa ilusão, e já pretendo explicar o porquê. Não estou falando a respeito da busca por um país melhor, ou de se “lutar” para fazer valer os direitos do povo pois, de fato, são legítimos e devem ser requeridos. Falo, contudo, dos meios que estão sendo usados para se atingir os fins, isto é, estou me referindo a todos esses protestos repletos de vandalismo e desrespeito ao próximo. Continue lendo…

Travessia

6 de abril de 2013 — 3 Comentários

sinalizac3a7c3a3o1Percebi ontem que todas as vezes em que estou diante de um grande dilema, me vejo vestida num sobretudo escuro, na beirada de uma calçada, pronta para atravessar a rua numa tarde de inverno. Deduzi que provavelmente esta visão seja uma metáfora da minha alma a respeito do acontecimento iminente. O inverno das incertezas supostamente me exige estar preparada para o frio que a falta de alguns aconchegos familiares farão, logo em seguida à travessia. Depois de alguns passos, lá estarei eu, na outra margem, separada do antigo por algumas novas distâncias.

Na maioria das vezes, eu não quero atravessar.

O que mais me marca nessas visões, é a minha nada sutil hesitação. Não é o cenário vintage, o tremular das folhas ao vento gélido, nem o vai e vem dos carros. Até os figurantes passam desapercebidos… Tudo, na verdade, parece meio estático e desfocado, com aquela insistente hesitação em negrito. Pouco do que se passa do lado de fora me chama atenção, mas posso notar cada milímetro de todo o titubeio do meu relutante coração dentro do peito.

O diretor dessa cena deu um close no apego. No foco dessa lente estão o medo das mudanças e a perda de tesouros emocionais – de fases que, uma vez abandonadas, serão apenas vagas lembranças agridoces. Abraço-as todas por dentro, numa despedida prolongada, como se faz com os amores que se deixa ao longo do caminho. Sofro por antecipação de tudo o que não viverei mais.

Entenda, não é que eu vá sentir falta de pessoas, nem de coisas; nem é falta de cidades ou lugares. É falta de quem eu era, antes da passagem que ainda não fiz, mas que me aguarda bem ali.

Sinto falta, ainda aqui, sob o ar denso do inverno, no meio fio da (in)decisão, bem no centro da hesitação protagonista, como alguém com um déjà vu prolongado que espera até o momento em que o farol, ainda intermitente no pestanejar, lhe permita mais alguns momentos bem ali, onde está…

Antes que ele feche, porém, bem no último segundo, estou decidida a correr, porque mesmo com saudade do conhecido, minha curiosidade apaixonada sempre me faz preferir ver o que está lá, exatamente do outro lado, no final da travessia.

Luciana Honorata

A Parábola da Rã

5 de janeiro de 2011 — Deixe um comentário

Uma pequena história sobre como o orgulho e a vaidade podem arruinar a mais brilhante performance.

Como eu havia prometido ontem, vai aqui a parábola da rã. Já que estamos meditando sobre humildade e orgulho, ela vai nos ajudar um pouco na tarefa de auto-análise. Será que é este o tipo de atitude que nós temos em nossa vida cristã? Bem, vale a pena pensar um pouco e checar se há algo disto em nós…

“Uma rã se perguntava como podia afastar-se do clima frio do inverno. Uns gansos lhe sugeriram que emigrasse com eles, mas o problema era que a rã não sabia voar.

“Deixem-me pensar – disse a rã – tenho um cérebro esplêndido.”

Logo pediu a dois gansos, que a ajudaram a apanhar um galho forte, cada um sustentando-o por uma extremidade. A rã pensava em segurar-se pela boca. Continue lendo…

Cubo

17 de julho de 2009 — 6 Comentários

Quando eu era pequena, meu primo tinha um daqueles cubos de brinquedo coloridos. Eu não sei se você conhece, mas é aquele cujas faces são cada uma de uma cor diferente e é articulado vertical e horizontalmente, de modo que, tendo embaralhando as cores dos lados, recebemos a penosa tarefa de tentar reunir novamente as cores iguais, fazendo o cubo voltar a ser homogêneo em suas faces.

Eu nunca consegui cumprir a tarefa, sendo bem honesta. Às vezes perdia horas tentando realizá-la, e cheguei a pensar ser impossível tal façanha, pois muitas vezes, quando eu finalmente conseguia reunir as cores iguais em 3 ou 4 lados, percebia que os outros estavam desordenados e, portanto, seria necessário desfazer o trabalho que já estava concluído nas outras faces, para poder organizar as que estavam faltando. Era um trabalho frustrante e exaustivo!

Certo dia, eu estava conversando com um amigo a respeito de uma circunstância difícil que ele estava vivendo, tentando aconselhá-lo, e o Espírito de Deus lembrou-me do bendito “cubo impossível”. Titubeei em obedecer e falar sobre ele, pois ainda não havia compreendido qual era a mensagem que Deus traria com aquela figura, mas ele é tremendamente sábio e precisamos apenas obedecê-lo em suas direções.

Entendi que muitas vezes a nossa vida está como aquele cubo de faces embaralhadas. As suas “cores” estão misturadas e precisam ser reorganizadas. São os nossos valores, formadores do nosso caráter. Na nossa caminhada, vamos pondo alguns deles no lugar…

Giramos o “cubo” do nosso caráter e alinhamos algumas coisas: o “lado amarelo” das nossas finanças está sendo organizado, mas o “lado azul” do nosso relacionamento com a família ainda está embaralhado. O “lado verde” do nosso ministério está começando a ficar uniforme… Quase lá… No entanto, o “lado vermelho” da nossa comunhão com Deus está bem longe de ser uma face completa… E assim por diante…

Então, muitas vezes olhamos apenas para uma face do cubo e temos a ilusão de que estamos realinhando todo ele, quando na realidade, é apenas uma face que está sendo ajustada. Neste caso, é necessário “bagunçar” tudo de novo, para que sejam alinhadas TODAS as faces, e não apenas algumas.

Existem circunstâncias que sobrevém a nós, que são assim: parecem estar desordenando as nossas vidas e embaralhando tudo. Causam desconforto e nos levam a pensar que não estamos progredindo, só por que algumas faces têm que ser levemente alteradas para permitir o reajuste de outras. Mas sinceramente, creio que é a graciosa mão de Deus quem move essas peças, gentilmente.

Não estou falando de enfermidades, desastres, falências… Longe de mim! Isso feriria o caráter de Deus, do qual não podemos duvidar. No entanto, algumas situações são permitidas sim por ele, para promover nosso crescimento e não são necessariamente misérias, só nos tiram da nossa rotina e nos forçam a tomar posição.

Acredito que ele conhece a estrutura de cada um de nós, e saiba quais faces da nossa vida estão heterogêneas, precisando de uniformidade. Ele sabe como mexer sem causar dano, de forma que tudo se encaixe depois e sabe que se não formos tratados em algumas coisas agora, não ficaremos perfeitamente ajustados.

O salmista falou: (Salmos 139.1-2) – Senhor, tu me sondas, e me conheces. Tu sabes o meu assentar e o meu levantar; de longe entendes o meu pensamento.

Ele nos conhece, e sabe de longe quem somos. As nossas intenções mais profundas. Sabe mexer nas nossas “faces” sem nos machucar, mas nos levar onde queremos: à “uniformidade” do caráter de Cristo, perfeito e irrepreensível.

O apóstolo Paulo sabia o que era passar por isso. Ele sabia que algumas circunstâncias “mexiam no cubo e bagunçavam as cores”. Mas também conhecia o resultado destas mudanças inadvertidas: o CRESCIMENTO.

Ele disse: (Romanos 5.3-4) – E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a paciência, e a paciência a experiência, e a experiência a esperança.


Glória a Deus por sua Palavra! Eu a amo porque ela não nos ilude quanto à realidade, mas nos anima a enfrentá-la com otimismo. Deus não nos prometeu um “mar de rosas”! É certo que passaremos muitas vezes por tribulações, porém, no final das contas, tudo estará no lugar certo.


Por ora, talvez pareça que algumas faces que pareciam prontas, estão sendo embaralhadas novamente, mas a palavra garante que “a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória acima de toda comparação” (2 Co 4.17).


Hoje eu percebo que a falta de paciência e perseverança me fizeram desistir de reordenar aquele cubo de brinquedo. Mas o nosso Pai…


(Filipenses 1.6) – Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo.


Não desista de permitir ao Senhor reordenar “o seu Cubo”, nem se desespere durante o processo. Deus é fiel e não desistirá de terminar a maravilhosa obra que começou em nós, até a volta do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.


Luciana Honorata Agostinho

Upgrade* em minha vida

12 de setembro de 2008 — 3 Comentários
                  Fiz uma super revisão na minha vida. Sabe aquelas coisas q vc guarda por que acha q vai usar e passa anos nas gavetas, ocupando espaço, cheirando a mofo e bloqueando sua consciência para adquirir novas? Bom, no fim das contas, vc nem as usa, nem adquire novas, e ainda impede que outras pessoas além de vc sejam abençoadas com elas. Percebi que havia muitas coisas assim em mim e decidi: vou jogá-las fora. Claro que nem sempre vc está disposto a isso, pq na verdade, nós acabamos guardando com uma séria esperança de que pode dar certo ainda um dia, pode ter alguma utilidade, mas esquecemos gravemente dos princípios de renovação que Deus nos dá pela Sua palavra e queremos reter e viver coisas velhas, q já passaram e não vão mais fazer uma diferença positiva nas nossas vidas, pq a época de serem usadas já passou. Precisamos de algo melhor, maior, mais novo e adequado para nossa "configuração" atual.
                 Sabe, eu tinha um computador. Ele não era uma super máquina, mas era um bom computador. Durante quatro anos eu o usei e ele me serviu muito, mas depois disso ele só me deu trabalho. Outras tecnologias estavam chegando e ele não as suportava, ou melhor, ele não tinha os pré-requisitos necessários para comportar aquelas adaptações que as novas tecnologias exigiam. Por isso, ele começou a me dar mais trabalho do que a me abençoar, afinal, eu precisava me atualizar para fazer alguns trabalhos e, nem ele podia ser adaptado de forma satisfatória, nem eu me desfazia dele pra adquirir outro mais atual. Ele estava lá, ocupando minha mesa, sem atender minhas necessidades e eu me sentia impedida de adquirir outro, pois já o possuía.
                  Era esse mesmo tipo de atitude que eu estava tendo na minha vida espiritual, e de fato, precisei fazer uma limpeza nas gavetas da minha alma. Isso acontece conosco. Se não tomarmos cuidado, emperramos um monte de coisas lá dentro e não abrimos espaço para o novo… Esquecemos que o Senhor é um Deus de "novidade de vida" e que a bíblia fala de um rio de "águas vivas" que é o próprio Deus jorrando seu poder dentro e através de nós… Sabe, isso me fala de nada estar guardado, mas de tudo sempre bem novinho, renovado, lustroso e pronto para ser usado.
                 Tudo em nossa vida deve ser sempre novo, por que assim é Deus e fomos feitos para ser Sua imagem e semelhança. Se guardarmos aquilo que não nos serve, tudo aquilo que teremos serão as coisas que não nos servem e O impediremos de nos abençoar com as novas coisas que Ele tem pra nós! Sejam essas coisas físicas ou espirituais, relacionamentos, oportunidades, pensamentos, ideais, planos… não importa, o que quer que seja, devemos simplesmente confiar no que ele tem para nos dar em lugar daquilo que entregamos… Com certeza, é o melhor!

*Upgrade é um jargão utilizado em computação com significado de atualizar, modernizar; tornar (um sistema, software ou hardware) mais poderoso ou mais atualizado adicionando novo equipamento ou atualizando o software com sua última versão. Isso é melhorar o seu equipamento, deixar mais potente e configurações avançadas