Arquivos para 30 de November de 1999

choro

Uma tragédia como essa acontece no Brasil, e é algo como um “mini” 11 de Setembro para nós. O país está de luto, chorando os corações que cessaram de bater no último domingo de Janeiro.

Na era do boom da informação, difícil é não tomar conhecimento do que houve. E não somente do que aconteceu, como de todos os detalhes reais e fictícios provenientes das notícias veiculadas na TV, jornais, revistas, sites e redes sociais.

Mas há outra tragédia dentro da tragédia, e é sobre essa que eu quero falar: é a da ignorância, me permita dizer. O infortúnio da insensibilidade. Da falta de compaixão, misericórdia e amor. E pasme, dentro da igreja. Continue lendo…

Equilibrismo

16 de novembro de 2010 — Deixe um comentário

Eu tenho uma séria desconfiança de que todo crente já passou por isso, embora não arrisque generalizar por conhecer meu próprio testemunho e o de alguns irmãos próximos, mas é fato comum se ouvir algum crente dizendo: “eu já fui radical um dia”.

“Radical” leia-se: “desequilibrado, tendencioso, exagerado”.

Há em nós uma tendência arriscada para os extremos. Tudo quanto queremos e sabemos parece ser o certo, é sempre muito bom e não se discute mais isso. Somos altamente parciais e tendenciosos. Nossos avós chamam esse fenômeno de “viseira de burro”. Você já viu uma?!? Ela é colocada nas laterais da cabeça do animal para que ele não enxergue nada mais do que está exatamente diante dos seus olhos.

Muitos de nós andamos com “viseiras de burro” invisíveis. Elas estão nas nossas mentes: na nossa visão preconceituosa, religiosa, parcial. Nós vemos uma parte e queremos decifrar o todo. Nós conhecemos um lado e desprezamos o que está oculto. Julgamos um pelo outro, porém, muito antes de ter a visão geral da “coisa”.

Demoramos a acertar o caminho da cruz porque tudo o que sabíamos sobre o evangelho era algo a respeito de homens e mulheres barulhentos com folhetos nas calçadas, caixas de som ecoando hinos da harpa em plena praça e alguns escândalos de “religiosos mercenários”. Então, recusávamo-nos a olhar a outra face.

O poder de Deus então enfim nos alcançou… Alguém nos mostrou o “outro lado” e precisamos admitir que, de fato há algo de realmente bom, ou melhor, que na realidade é VERDADEIRAMENTE benéfica, agradável e fascinante a vida com Deus.

O problema é que, conosco, trazemos a nossa tendência preconceituosa e radicalista para o lado de cá, e aí desequilibramos de novo.

Então, abraçamos a verdade de tal modo que não queremos nos desvencilhar dela. Ela nos salvou. Aleluia! Precisa ser pregada, anunciada, amada, idolatrada, salve, salve! Precisa ser estudada, garimpada, vivida, praticada… Enfim, a gloriosa verdade nos consome!

Agora, somos o povo escolhido! Agora, somos do Reino eterno de Deus! O sacerdócio santo e separado. E quem são os outros?!?

Oh… são apenas pecadores, filhos do diabo, controlados pelos demônios e que não sabem o que é liberdade.

E os nossos irmãos desviados? São quase apóstatas que conhecem o caminho da verdade, mas não se firmam. “Bem feito!” – alguns diriam – “já que não querem Jesus…”.

Deus tenha misericórdia de nós!

Tornamo-nos pessoas legalistas, sem misericórdia, presunçosas e partidárias. Levantamos a bandeira da nossa congregação e estufamos o peito, cheios de orgulho porque temos a Palavra Revelada! Como se ela não estivesse na Bíblia, mas com um punhado de “crentes especiais”.

Sobretudo enquanto ainda meninos na fé, somos rápidos para julgar e apontar os pecados dos outros. Cada passo fora da linha, cada palavra de incredulidade, cada pequeno detalhe é observado. Tornamo-nos implacáveis não apenas conosco, mas com todos. Totalmente desequilibrados!

Com o passar do tempo e um coração sincero, desejoso de acertar, a vida nos mostra o quanto ainda temos que aprender, e como não devemos roubar das pessoas o direito de crescer, de cometer os próprios erros e arrependerem-se.

O nosso espírito foi salvo, graças a Deus. Mas a nossa humanidade não foi perdida com isso. Temos muito trabalho ainda a fazer! Precisamos doutrinar uma alma teimosa e volúvel. Ora ela quer estar conosco, ora com a “inimiga íntima”, a nossa carne. Esta, só será vencida no dia em que o Senhor vier nos buscar para estar com ele.

A questão é: estamos todos no mesmo barco. Todos precisamos crescer, todos usufruímos da graça, todos precisamos da misericórdia… TODOS!

Aqueles que não erram nas palavras, erram nas intenções ou nas ações. Aqueles que não mentem, podem fazer acepção de pessoas ou difamar um irmão… Enfim, não importa! O que interessa é que o julgamento cabe a Deus e não a nós. Só ele tem a visão absoluta dos fatos, dos corações, das intenções… Ele é o juiz, não o nosso “achismo”. Ele tem uma visão privilegiada de tudo e, portanto, um julgamento imparcial e justo.

A nossa parte é, sem sombra de dúvidas, a de sermos gratos pelas novas chances que ele nos concede diariamente, e vivermos como “equilibristas” esforçando-nos para não cair nem de um lado, nem de outro, mas andando na linha da verdade do amor de Deus, que nunca falha.

(Hebreus 4.13) – E não há criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo contrário, todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas.

Luciana Honorata

 

Amnésia

4 de agosto de 2009 — Deixe um comentário

 

É engraçado como tendemos a nos comportar após alguns anos de evangelho. Geralmente, experimentamos certo tipo de amnésia, que “apaga” dos nossos registros o tempo em que éramos miseráveis pecadores, entregues às paixões carnais e ao domínio do diabo.

Não que eu esteja pregando que devemos cultivar esta consciência, e viver todos os dias das nossas vidas numa espécie de “saudosismo do velho homem”. No entanto, tenho visto que quando nos entregamos a essa “amnésia”, tendemos ao legalismo e à crueldade para com nossos “irmãos pródigos”.

Muitos não admitem, outros não o sabem, mas a verdade é que aqueles que estão ainda escravizados pelo pecado são nossos irmãos, que deixaram a casa do Pai, e ainda não “caíram em si”, reconhecendo a tolice que estão cometendo ao rejeitar o perdão divino.

Eles estão perdidos no mundo, precisando de luz para que achem o caminho de volta à comunhão com o Pai, e nosso papel não é o de tratá-los com desprezo, mas de amá-los com o mesmo amor que o Pai os “espera na varanda”.

Acontece que ouvimos muito sobre nossa nova realidade. Somos exaustivamente ensinados sobre o fato de sermos a Justiça de Deus, declarados justos por ele e termos a condição privilegiada de entrar com ousadia no santo dos santos, junto ao trono da graça sem medo, culpa ou condenação diante de Deus, Aleluia!

Isso tudo seria uma bênção, se não nos deixássemos desequilibrar e não nos “embaçasse a vista” para outras realidades que devemos considerar, nos dando uma falsa impressão de que somos seres “super-especiais”, “super-crentes”, imunes à deslizes ou falhas, ou ainda, que embora falhemos mais do que muitos deles, tendemos a continuar com aquela sensação de “classe superior”, quase como um neonazismo cristão. (A propósito, não era em nome de Cristo que Hitler dizimava os judeus…?)

Bom, a questão é que o fato de reconhecermos o nosso lugar no Reino de Deus, não nos dá status de juízes, nem tampouco legalidade de nos sentirmos tão maravilhosos e perfeitos que tratemos o pecador sem misericórdia.

Não devemos nos esquecer que foi por causa da misericórdia de Deus que fomos alcançados, não das nossas próprias obras, ou por que fomos tão bons que Deus tenha nos promovido!

Estávamos lá: no lamaçal do pecado. Imundos, vazios, destruídos… Mortos!

Éramos tão pecadores quanto qualquer um deles, e precisamos um dia da misericórdia e do amor de Deus tanto quanto qualquer um dos mais perdidos pecadores que existam por aí precisa.

Você pode até pensar: “eu nunca me embriaguei, nem me prostituí; não me droguei, não matei e não roubei… nunca passei perto deste tipo de pecado e sempre me inclinei para as coisas do Senhor”, e isso talvez te dê uma sensação de que, de certa forma, fosse “mais fácil” ou “mais agradável” pra Deus te salvar. Mas a palavra diz:

(Romanos 3.23) – Porque TODOS PECARAM e destituídos estão da glória de Deus;

Não apenas alguns de nós pecamos. Mais cedo ou mais tarde, em maior ou menor grau, seja numa pequena mentirinha ou num drástico crime, todos nós fomos contaminados pelo pecado e, portanto NECESSITAMOS DA MISERICÓRDIA DE DEUS!

Pecado é pecado. Não existe meio pecado. Deus não tem mais nojo de uns pecados do que de outros, como se ele pensasse que “até pode passar um pouquinho de racismo, mas homicídio… aí é demais!!!” Não! A natureza santa de Deus não suporta nem admite qualquer pecado, seja ele qual for! Ou temos por acaso desconsiderado que o pecado de Adão não foi tão abominável quanto a maioria dos que conhecemos?!

Você já parou pra pensar nisso???

Adão não matou, não roubou, não traiu Eva, não consumiu nenhuma erva alucinógena no jardim do Éden (nem a traficou), não abusou sexualmente de Abel ou Caim… Enfim, ele “SÓ” desobedeceu…

Daí, percebemos que a única diferença entre nós e os nossos “irmãos perdidos”, é que um dia resolvemos reconhecer que precisávamos de Jesus. Nós éramos tão devedores quanto qualquer pecador, e precisamos da misericórdia e da graça de Deus quanto qualquer outra criatura da face da terra. Só que nos esquecemos disso e, consequentemente, de usar de misericórdia e amor para com os que ainda estão cegos!

Desejo ardentemente que remediemos esta “amnésia” com as Palavras do Espírito por meio de Paulo. Deixo os seguintes versículos para a meditação da igreja, em nome do Senhor Jesus!

(2 Corintios 4.1-4) – Pelo que, tendo este ministério, assim como JÁ ALCANÇAMOS MISERICÓRDIA, não desfalecemos; pelo contrário, rejeitamos as coisas ocultas, que são vergonhosas, não andando com astúcia, nem adulterando a palavra de Deus; mas, pela manifestação da verdade, nós nos recomendamos à consciência de todos os homens diante de Deus. Mas, se ainda o nosso evangelho está encoberto, é para aqueles que se perdem que está encoberto, NOS QUAIS O DEUS DESTE SÉCULO CEGOU O ENTENDIMENTO DOS INCRÉDULOS, PARA QUE NÃO LHES RESPLANDEÇA A LUZ DO EVANGELHO DA GLÓRIA DE CRISTO, o qual é a imagem de Deus.

Luciana Honorata