Dos sentimentos.

2 de setembro de 2022 — Deixe um comentário

Sentimentos são superestimados.

O mundo diz que “se faz sentir, faz sentido”, mas é mentira. Tem muita coisa que não faz sentido algum, é só correr atrás do vento da empolgação, da carência, dos gatilhos advindos daqueles traumas engavetados na alma.

Às vezes a paixão é só carência.
O medo é apenas comodismo.
A passividade é dependência.
A tristeza é incredulidade.

Tá, às vezes não é. Mas sendo ou não sendo, os sentimentos não devem ter um lugar de predominância nas nossas decisões, atitudes ou comportamentos, porque estão sendo cotados muito acima da sua verdadeira relevância.

Quantas vezes você desejou tanto algo que quando estava prestes a possuir, não queria mais tanto quanto antes?

Quantas vezes acordou se sentindo um fracasso?

Quantas vezes esteve eufórico por algo que agora já não te desperta nenhuma sensação, apaixonado por alguém que hoje só te causa desprezo ou indiferença, arrasado por uma frustração que não mais te atormenta?

Particularmente, lutei por coisas, relacionamentos e situações, baseada em sentimentos que só me ludibriaram.

Aprendi tarde, com bastante prejuízo, que a sensualidade nos afasta da virtude, da paz, da comunhão com o Senhor.

Não se vive sabiamente pelos sentidos, mas pelos princípios.

Queria ter entendido isso antes.

Quero nunca mais esquecer a lição.

José NÃO era um sonhador

21 de junho de 2022 — 2 Comentários

Das verdades difíceis de engolir quando me debrucei com mais dedicação sobre o Antigo Testamento, essa foi uma das mais duras: José não era um sonhador.

Confesso que eu adorava o romantismo que cercava 99% das pregações que usam a história do adolescente invejado e injustiçado como pano de fundo para incentivar os crentes a lutar pelos seus sonhos, mas não é exatamente sobre isso a história do filho de Jacó.

É que aqui, no ocidente, sonho não é somente aquilo que acontece enquanto estamos dormindo. Também usamos essa palavra para descrever ideais, planos para o futuro, metas de grande valor e estima. “Sonhar”, para nós, geralmente soa como algo que desejamos acima da média, distante da realidade ordinária da vida que vivemos, e em alguns casos, de difícil acesso.

A Bíblia fala que José sonhou, e é isso.

Não se tratava de idealizar ou cobiçar uma alta posição política, de autoridade, ou algo do tipo, por mais que alguns de nós sejamos tentados a almejar o poder dessa forma.

Enquanto o menino dormia, Deus usou imagens em sua mente para revelar-lhe verdades sobre seu futuro e de sua família. Naturalmente, José compartilhou a experiência com os seus, e deu no que deu (você conhece a história).

Meu ponto é: nada foi idealizado por José. Tudo aconteceu à revelia de sua vontade, e se formos mais fiéis à narrativa, CONTRA ela.

Vou além: sendo zelosos com as Escrituras, admitiremos que praticamente toda a história de José é uma ode à completa dependência da graça de Deus, que se desenrola ante a sua completa impotência.

Na verdade, ao ler o relato bíblico, pude imaginar o completo desespero de um menino jogado num buraco fundo, ouvindo os próprios irmãos confabularem contra si, planejando matá-lo e, finalmente, decidindo vendê-lo como escravo.

Você consegue imaginar isso?

Tente ao menos por um momento esquecer o fato de que um dia (muitos anos depois de pesado sofrimento) ele se tornou a segunda maior autoridade do Egito, e concentre-se no fato de que José não tinha a menor ideia de como seria o desfecho da novela.

Não consigo encontrar ambição naquele menino indefeso, e acredito piamente que se pudesse ter escolhido, José teria permanecido junto ao seu amado pai, desfrutando da singela vida camponesa que levava com sua família.

Sabemos como a história se desenrolou: na casa de Potifar, o Senhor estava com ele. José serviu com excelência, foi promovido, assediado pela esposa do patrão, mais uma vez injustiçado e, em seguida, preso.

Talvez aquele menino tenha se perguntado por que passava por tanta perseguição e havia tanta desgraça sobre sua vida, enquanto permanecia fiel a Deus apesar de tudo que lhe acontecia.

No cárcere, contudo, mais uma vez a benção do Senhor sobre tudo que ele fazia o destacou, e recebeu do alto sabedoria para interpretar o significado dos sonhos de dois homens ligados ao faraó, que estavam sob seus cuidados.

A Bíblia conta que apesar de acertar a interpretação dos sonhos, José foi esquecido por mais dois longos anos na prisão, até acontecer a oportunidade de estar diante do faraó para interpretar a mensagem do Senhor sobre os 7 anos de fartura, e 7 anos de seca que sobreviriam sobre aquela região.

Nessa ocasião, José ganhou a confiança do faraó e finalmente chegou à posição que lhe fora revelada em sua juventude.

Pelo relato bíblico, aparentemente não dá pra ter certeza de quantos anos se passaram desde a chegada de José ao Egito, até tornar-se a autoridade máxima daquela terra (abaixo apenas do faraó), mas se tenho alguma certeza depois de tudo que li, é a de que José nunca almejou estar naquela posição, ela simplesmente ACONTECEU para ele, no fluxo dos planos que o Senhor tinha para mudar a sorte (ou tirar o azar) do filho mais amado de Israel.

Como eu tenho tanta certeza?

Vá lá, pegue sua Bíblia e releia toda a história. Exerça um pouco de empatia, e sinta toda a dor que ele experimentou ao rever os irmãos- que não o reconheceram.

“José se afastou dos irmãos e começou a chorar. Quando se recompôs, voltou a falar com eles”. (Gn 42.24)

Eu senti toda a mágoa represada por anos dentro daquele coração resiliente, com apenas esse verso. E não foi o único. Em pelo menos mais três ocasiões a Bíblia descreve a dor da experiência traumática de José ante o reencontro com a sua família:

Em Gn 43.30-31, quando ele revê o irmão mais novo, precisa “sair, chorar trancado no quarto e controlar-se” para continuar a falar com ele.

Gn 45.1-2 diz que quando José revelou-se para seus irmãos, ele chorou “tão alto que os egípcios o ouviram, e logo a notícia chegou ao palácio do faraó.”

Eu não sei você, mas pouquíssimas vezes na vida chorei tão alto que alguém poderia me ouvir do cômodo vizinho, quanto mais do lado de fora de casa. Acho que José estava berrando de tanta dor e desgosto.

Vou repetir: José não chorou, ele gritou. No mínimo 10 anos separavam aquele menino invejado, do homem honrado que ele se tornara.

Nessa história, honestamente não consigo ver um José triunfante como os “verdadeiros sonhadores”.

O salmo 126 descreve o que “sonha” como alguém cuja “boca se encheu de riso e sua língua de cânticos”. Não há no salmo nenhuma menção a choros descontrolados e berros.

José, pelo contrário, é retratado como alguém de luto.

O ápice da narrativa se dá no encontro com seu amado pai:

“Apresentou-se, lançou-se-lhe ao pescoço e chorou assim longo tempo.” Gn 46.29

Quanta saudade havia ali?
Quanta tristeza por tantos anos de convivência perdidos?
Quanto lamento de uma alma despedaçada pela traição e corroída pela solidão?
Quão desgastado pela injustiça e todas as humilhações que havia sofrido?

O coração de José, no entanto, era uma jóia preciosa que continha dor, sim, porém
muita generosidade. Não havia ali nenhum traço da sede de vingança, nenhuma altivez ou arrogância.

Havia DOR.

E também uma fome de reparação, de conexão, de restituição.

José não somente perdoou-os, mas abençoou sua casa de um modo inimaginável para alguns, e inaceitável para outros. Trouxe-os para perto de si, cuidou de todos, salvou toda uma geração da morte.

Há quem diga que Deus fez tudo a José propositalmente, com o fim de preservar a linhagem de Judá (que nos traria Jesus), livrando-a da morte que viria como a fome nos anos de seca.

Não consigo, entretanto, encaixar esse modus operandi no caráter do Pai que nos enviou o Cristo. Acredito firmemente que o Senhor que fez cair o maná sobre seu povo no deserto, certamente encontraria outras formas de alimentá-lo durante uma seca, mas muitos não estão preparados para essa conversa, então deixemos para outra ocasião.

O que pra mim, afinal, é inquestionável, é que o que guiou José até a sua bem aventurança, não foi seu caráter “sonhador”, mas a sua INTEGRIDADE.

Aquele menino entregou todo o seu coração em confiança àquele que era o seu Deus, e assim permaneceu, desde a cisterna, passando pela casa de Potifar, prisão e palácio do faraó, até o “lugar” de encarar os irmãos que o maltrataram de forma tão cruel e desumana.

A despeito de tudo e de todos, José foi fiel àquele que é fiel em toda a sua palavra para sempre.

Ele guardou seu coração, manteve seus princípios e agiu com a benignidade digna do próprio Deus, aquele tipo que Jesus demonstrou no madeiro quando orou, “Pai, perdoa-os, pois não sabem o que fazem”.

José tornou-se, pra mim, o maior de todo o Gênesis. Hoje eu só consigo pensar que a insistência da Bíblia em dizer que “o Senhor era com ele”, quer nos ensinar que a melhor forma de reagir ao mal sempre será mantendo-se fiel à fonte de todo o bem, o Pai das luzes.

Como eu disse, José não era um sonhador, ele era “apenas” um coração completamente rendido ao Senhor.

m000170607Ouço nego falando o tempo todo por aí que vive uma vida sem arrependimentos. “Vivo intensamente e não me arrependo de nada”, afirmam de peito aberto, com uma espécie de orgulho, como se essa fosse uma maneira superior de vida: uma vida supostamente desprovida de equívocos.

Sinto pena, sério. Porque a capacidade de arrepender-se é, na verdade, uma dádiva. E não, não ignoro que as pessoas pretendem, com tal expressão, dizer que tudo o que viveram foi válido, e que preferem viver intensamente do que ter medo de arriscar-se com receio de falhar. Entendo perfeitamente a semântica da expressão, da intenção. Mas ainda assim, que coisa triste é, permita-me dizer, não conseguir se arrepender das m***** que se faz.

 Quem nunca fez cagada na vida? Digo, não acho que devemos nos martirizar por erros passados, ou viver uma vida sem graça, sem riscos… Longe disso! A autoindulgência não apenas é necessária, mas vital. Perdoar a si mesmo é imperativo, e você deve fazer todos os dias, exatamente na frequência com que erra. No entanto, há uma abismal diferença entre perdoar-se e viver livre de arrependimentos. Na verdade, só conseguimos nos perdoar se reconhecermos que erramos, e só reconhece que errou quem “muda de ideia” ou arrepende-se. Tendeu?
Viver uma vida sem arrependimentos é viver sem crescimento, estagnado nos mesmos comportamentos patéticos e reprováveis.
Eu, particularmente, me arrependo de muita coisa que fiz, disse e que não fiz também. Eu preferiria, de todo coração, não ter cometido tantos e tão graves erros.
Já pensou nisso? Quanto de nossas vidas não seria diferente caso não tivéssemos cometido tais equívocos. Quantas pessoas a menos você teria ferido? Quantos danos a si mesmo teria evitado? Onde estaria sua vida nesse momento? Quantas coisas seriam diferentes do que do que são agora?
É certo, obviamente, que você não teria aprendido algumas coisas, mas com certeza teria aprendido outras, talvez melhores e mais necessárias… quem sabe? A questão aqui, na realidade, não é mudar o que passou – pois sabemos que NADA pode alterar o passado, mas mudar quem somos agora. O arrependimento não tem eficácia quanto ao pretérito, mas que grande poder ele exerce sobre o futuro! Muda tudo, absolutamente! Ele gira maçanetas dentro de nós, que abrem portas que nem conhecíamos. Portas de evolução e amadurecimento.
É triste, muito triste, a cegueira daqueles que incidem nos mesmos erros pela falta de capacidade de dar meia volta e admitir que aquilo que fizeram foi uma droga, e simplesmente nunca deveria ter sido feito ou dito.
Arrepender-se é reconhecer um erro e deixá-lo de uma vez por todas. Diferente de remorso, de culpa, e outros sentimentos que simula uma mudança de atitude.
Eu coleciono arrependimentos. Eles estão nas minhas prateleiras, como livros já lidos, lembrando-me do que aprendi com eles. Não me perturbam,  não me ocupam, não me atormentam (mais). Porém, me lembram que hoje sou uma pessoa diferente porque permiti que eles chegassem até mim. Que sou melhor porque os concebi. Que perdi coisas e pessoas que amava, porque em momentos em que realmente precisei deles, resisti. Pois tanto o orgulho, como a dor, quanto a cegueira da teimosia, e outros sentimentos perniciosos, podem nos privar da presença necessária e urgente do arrependimento nas nossas vidas.
Vai por mim: nas legendas de fotos, como frase de efeito, fica top, fica muito adulto dizer que vive essa vida “””sem arrependimentos”””. Na vida real, contudo, fica um ciclo vicioso onde saímos de um abismo para outro, estagnados numa existência cheia de erros que não conseguimos retificar.
Se eu puder te dar um conselho, é: Arrependa-se. Quantas vezes for preciso. É lindo, é nobre, é necessário. Agrada a Deus. Viva uma vida cheia de arrependimentos! É somente essa que vale a pena.

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Eu queria começar o texto de uma forma que chamasse a atenção das pessoas que se sentem desvalorizadas em um relacionamento (romântico ou de amizade mesmo) e não estou encontrando uma forma criativa de fazê-lo, então vou ser direta: ei, é pra você! E assim podemos começar.;)

Eu tenho visto você, e eu já fui uma “você”. Daqui do outro lado da tela, vejo as pessoas reclamando de solidão, de traição, de falta de consideração, de abandono, de decepção e do quanto, a despeito de suas tentativas incessantes, de sua tolerância constante, e da sua correta atitude, sempre tendem a ser desprezadas.

Eu vejo – pessoalmente e nas redes sociais – você me contar o quanto se dedica, confia e se entrega em suas relações, sem colher aquilo que planta. É triste, eu sei. Embora não tenha o hábito de me expor nas redes, eu já senti muito além da pele a dor que é dar o melhor de si, de se abrir sem reservas, de dar crédito e pagar pra ver, pensando e fazendo aquilo que é certo, procurando ser justo,  paciente, benigno, e no fim, ser tratado com indiferença ou descaso. Como disse algum filósofo do século XVII, “é punk ser feito de besta”.

Mas veja bem, eu não quero que esse pareça um texto triste, um lamento. Eu quero falar sobre isso de forma franca com você, pois me peguei, enquanto subia degraus por trinta minutos num exercício de tédio em que pude ficar sozinha com myself, refletindo sobre algo que Jesus falou há 2 mil anos, e que nós deveríamos levar em consideração se não quisermos ficar fazendo papel de trouxa a vida inteira.

[Pode começar a me amar agora. Obrigada, de nada.]

Sempre que alguém me fala que foi desprezado por outrem, eu me lembro dessa frase que Jesus falou bem no meio do sermão da montanha, e parece descontextualizada do restante do seu discurso. Jesus ta lá no meio dos discípulos falando sobre não julgar e não ficar apontando os erros alheios, sem antes enxergarmos (e corrigirmos) os nossos próprios, quando, “do nada”, solta: “Não deis aos cães as coisas santas, nem deiteis aos porcos as vossas pérolas, não aconteça que as pisem com os pés e, voltando-se, vos despedacem” (Mateus 7.6).

Antes que algum religioso/teólogo/patrulheiro queira corrigir a hermenêutica e exegese da minha reflexão, quero deixar bem claro que sei muito bem que o Brother-mor estava originalmente falando sobre pregarmos a Palavra àqueles que claramente as desprezam e não querem ouvir, mas peço licença aos senhores reverendíssimos para usar o princípio aqui contido para filosofar a bem de todos. Amém? Prossigamos.

Durante muito tempo, confesso, eu ouvi esse conselho sem entender muito bem. Durante outro tempo, ouvi e entendi do modo tradicional, mas não refleti o suficiente sobre ele. É evidente que o conselho é “não perder tempo e energia” com alguém que está predisposto a rejeitar o argumento que você tem a oferecer, mas falar sobre porcos e cães me parecia um pouco apelativo, exagerado, pesado, na verdade. E as pérolas e coisas sagradas então…

Acontece que falar de pérolas é falar de algo precioso. Quem for pesquisar, verá que pérolas são o resultado de um processo interno de defesa das ostras e blá blá blá, todo aquele sacrifício englobando partículas durante em média 3 anos pra, talvez, se der sorte, a defensiva resultar numa pérola com formato redondo e negociável. Não vou ficar romantizando a produção de pérolas, você vai encontrar um milhão de blogs que já fizeram isso. A questão aqui é: a preciosidade da joia se dá por sua raridade, e a raridade é fruto do tempo e investimento, somado à dificuldade de, depois de muita espera, o negócio dar certo.

Eu estou falando de mim e de você, se ainda não notou. Dessas pérolas que nós temos, desses sentimentos bonitos que cultivamos, fruto do nosso amadurecimento, das nossas defesas contra as coisas ruins que nos aconteceram e decidimos fazê-las aprendizado. Tô falando de todas as vezes que lutamos contra nossos instintos pra fazer o que sabíamos ser o certo, e nos encontramos melhores do que ontem. Estou falando do nosso tempo, do nosso dinheiro, da nossa atenção e dedicação. Falo do nosso amor, que é coisa tão rara hoje em dia, da nossa franqueza, da nossa CREDULIDADE. É mesmo coisa incomum acreditar de peito aberto, e entrar de cabeça e coração em terreno desconhecido. A maioria das pessoas é de uma desconfiança só.

Pois bem, Jesus falou que não deveríamos lançar essas pérolas, nossas preciosidades raras, aos porcos, e eu sei que você pode achar que ele tava xingando seu ex, ou sua antiga melhor amiga, mas apesar de ser um tanto tentador imaginar que até ele quis isso, sinto informar que não é exatamente esse o sentido da expressão aqui. 😛

Cristo jamais seria pejorativo, sabe? E foi pensando sobre como Jesus é, que eu finalmente compreendi o que ele estava querendo dizer. É que os porcos vivem na lama, e estão acostumados com restos, não com nobreza. Eles vivem num ambiente sujo, comem lavagem, e por natureza não se importam com nada disso – esse é o seu mundo, é como eles são, como vivem, o que estão acostumados a ter, e não possuem um referencial de excelência, portanto, não têm capacidade de enxergar a beleza das coisas raras.

Para o porco – e quero frisar que ele não tem culpa disso – uma pérola e uma pedra são a mesmíssima coisa: se não é de comer, é pra pisar, e acabou. Simples assim.

Algumas pessoas são para nós, o que os porcos são para as pérolas: elas estão tão acostumadas com algo inferior, que quando damos o nosso melhor elas simplesmente não sabem o que fazer com isso – e pisam.

Veja bem, a questão aqui não é ofender um indivíduo comparando-o a um animal imundo, o foco da lição está na pessoa que possui o tesouro. Jesus pretendia mostrar que a atitude de alguém que possui algo de valor, deve ser a de entregá-lo a quem possa reconhecê-lo e cuidar dele, pois essa é a única coisa razoável a se fazer.

Somos nós que insensatamente oferecemos nossas pérolas a pessoas que não têm capacidade para recebê-las e valorizá-las como nós fazemos, e é por essa razão que sofremos. Nós nos apaixonamos ou nos envolvemos com quem tem valores diferentes de nós, e vamos “pendurando” nossas pérolas como prêmios em seus pescoços, enquanto elas nos pisam. Preciso dizer que descobri que a culpa é nossa. [Por favor, não deixe de me amar ainda…] É que nós ignoramos o conselho de Jesus, e é assim que nos estrepamos.

Entenda, com isso, não estou absolvendo os erros daqueles que nos machucaram, mas mostrando que somos, de certo modo, responsáveis pela cancela da nossa vida (por “quem” e “quando” entra e sai dela), e quando insistimos em um relacionamento ruim, ou depositamos nossas energias, tempo, intensidade e todo o nosso melhor em alguém que não nos dá uma contrapartida, mas apenas algumas migalhas pra “nos manter por perto”, estamos, como abestados, lançando pérolas aos porcos.

Não podemos esquecer que todo relacionamento tem por base a RECIPROCIDADE, e isso quer dizer que é uma troca, um dar e receber mútuo, que de fato só é saudável se assim for, pois quando um dá demais, e o outro “de menos”, a coisa desanda.

Eu aprendi tarde, infelizmente, que algumas pessoas simplesmente não são capazes de retribuir à altura o que oferecemos, simplesmente porque aquilo que é importante e valioso pra nós, não é para elas, e portanto, não adianta esperar por isso. Também não adianta tentar mudá-las, alimentar ressentimento, planejar “vingancinha” ou mandar indiretas. Acredite, isso só vai te machucar mais.

Quer saber mesmo o que adianta? Seguir em frente e tomar um chá de “semancol”. Alguém já disse que quando uma pessoa erra conosco, ela é culpada, mas quando erra uma segunda vez, culpados somos nós. Imagina muitas vezes então…

Ouça, finalmente, não a mim, mas a quem sabe das coisas, que é o “dono dos troço tudo”. Guarde suas pérolas para as pessoas que conhecem o valor que elas têm. Aos “porcos”, baby, as migalhas sempre serão de boa serventia.

 

12079606_998205530243160_100171851842605764_nAdoro usar datas comemorativas como pretexto pra dizer coisinhas pertinentes, então, pra não perder o costume, lá vai:

Hoje é dia do irmão, e eu já parabenizei os meus. Assim eles são: imperfeitos, problemáticos, chatos, impertinentes e inconvenientes muitas vezes, irritantes ao extremo e  nada fáceis. Não me iludo de que não pensem o mesmo de mim, pelo contrário, a adjetivação vai ficar por aí mesmo, nesse patamar. Temos aquele relacionamento dualista de amor e ódio, guerra e paz, tapas e beijos e todos os similares, intermitentemente, desde antes de nos entendermos por gente.

Mas é claro que não tenho só coisas ruins pra falar deles. A parte do amor é muito bem amada, diga-se, não de passagem, mas para ficar registrado mesmo. Falo isso porque tantas vezes nos perdoamos e apoiamos e “embalsamamos” (eu posso dizer isso? já disse) feridas profundas uns nos outros… Gastamos nosso tempo, nosso dinheiro, nosso sono e paciência, pra segurar nossas barras quando, sabíamos, ninguém mais o faria. E apesar de doloridos, nunca nos sentimos no direito de não fazê-lo; apesar de difícil, nunca nos negamos; ou melhor, até mesmo quando nos negamos, o senso de “dever” fraternal, a força “do sangue”, dos laços, do amor e do perdão, estavam lá para nos fazer voltar atrás – e voltamos.

Foi assim que eu me aprendi irmã, e não sei ser de outro jeito. Na imperfeição da minha [louca] família, existe um pacto quase perfeito de “pro que der e vier” entre nós. Penso francamente que não somos os únicos.

Quando me converti, abracei minha família da fé com esse ardor e paixão fraternais que aprendi no meu lar. Eu achava um pouco brega aquele discurso de unidade e toda aquela cantoria trocando cálices no momento da ceia do Senhor, admito, mas na prática, eu era #TeamFraternidade. Cheguei a considerar mais “meus” os irmãos da fé, do que muitos parentes cossanguíneos, porque realmente levei (e levo) a sério as palavras de Jesus, bem como seu exemplo.

Acontece que Jesus disse coisas que nos responsabilizam uns pelos outros tão seriamente quanto irmãos são comprometidos entre si – ou mais. O termo IRMÃO, em primeiro lugar, não é figurativo, visto que nascemos de novo [espiritualmente] NA MESMA FAMÍLIA, e somos um só em Cristo. Eu não sei quanto a você, mas isso mexe comigo: Ele disse que somos membros de um mesmo Corpo – o SEU CORPO, “De maneira que, se um membro padece, todos os membros padecem com ele; e, se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele.”
1 Coríntios 12:26

Não bastasse isso, Jesus mencionou certa vez, ao ouvir o anúncio de que sua mãe biológica e seus irmãos de sangue o procuravam, que sua família eram aqueles que ouviam e obedeciam à Palavra de Deus. “Eis aqui minha mãe e meus irmãos;
Porque, qualquer que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus, este é meu irmão, e irmã e mãe.” Mateus 12:49,50 disse.

Ele ensina, direta e indiretamente, de várias maneiras, com sua vida e palavras, que a consideração que temos por um irmão espiritual deve ser levada a sério de tal forma (e significa tanto) que serve de prova dos 9 para distinguir aqueles que são salvos dos que não são. 1 João 3:14

Eu poderia escrever milhares de linhas aqui, ou até mesmo um livro inteiro sobre como Jesus, pessoalmente, via a família espiritual, e como ensinou aos discípulos a gravidade do relacionamento que nutrimos com, veja bem, preste bastante atenção: NOSSOS IRMÃOS. Eu não estou falando em como lidamos com os PERDIDOS, aqueles que não ouviram falar de Jesus… estou falando dos IRMÃOS DA FAMÍLIA DA FÈ, aqueles que, assim como nós, fazem parte de um organismo vivo cuja cabeça é nosso Senhor Jesus Cristo.

Muito me admira que alguns de nós, considerando-se já maduros no entendimento das Escrituras,.ainda ajam como meninos nesse quesito. Ainda me espanta nosso ardor pelas nações, nossa paixão por missões transculturais, nossa preocupação com os perdidos, quando ainda não aprendemos a tratar os que “caem” ao nosso redor, nossos irmãos, com o amor e a misericórdia que carnais oferecem uns aos outros em momentos de necessidade – e os espirituais deveriam dispensar em muito maior medida.

Os irmãos se apoiam, se aconselham, se  importam, se brigam, se perdoam, se ligam, se presenteiam, se irritam, se intrigam e se fazem as pazes, mas estão sempre lá. Com óóóódio porque “aquele abestado não aprende nunca, e eu avisei”, mas estão lá.

São os irmãos que seguram nossa mão no hospital quando sofremos um acidente, ou que nos levam pra casa quando está tarde e é perigoso voltar de ônibus. São eles que se afligem quando adoecemos, e nos socorrem quando a provisão nos falta, que nos emprestam dinheiro e acreditam nos nossos sonhos. Eles se preocupam quando há tristeza nos nossos olhos e estranheza no nosso comportamento. Mesmo quando estamos errados, é proibido a eles desistir de nós. Eles não nos cortam na carne, e se o fazem, erram gravemente.

Certa vez ouvi que, aos pecadores, redenção, aos irmãos, perdão – e nunca mais esqueci. É muito fácil ser Jesus pra alguém lá fora, que você não conhece e nunca te trouxe nenhum prejuízo ou dor. É fácil FALAR de Jesus, difícil é SER COMO ELE. Este é o verdadeiro cristianismo: o amor “não apenas de palavra e de língua, mas de fato e verdade” 1 João 3:18, , ainda que não seja praticado pela maioria.

No dia do irmão, eu só consegui pensar (além disso tudo que falei, hehehe) na gratidão que há no meu coração a Deus pelos poucos que tenho, que me suportaram nas minhas falhas e continuaram acreditando em mim, me dando o amor e a misericórdia que eu precisava no tempo oportuno. Desejo honrá-los e dizer que vocês foram os braços de Jesus me acolhendo e sua voz me consolando. Eu os amo e desejo retribuir à altura – mesmo com todos os aperreios.

Valeu mesmo, vocês são massa!

 

 

 

 

As coisas de alguém

22 de agosto de 2016 — 1 Comentário

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Há cerca de um ano e meio, minha vó materna foi para o Senhor, e como garantiu o apóstolo Paulo, voltou para casa sem nada levar deste mundo. Todas as suas coisas aqui ficaram, e como herdeiros legítimos de sua “grande fortuna”, nós, filhos e netos, espoliamos seus bens.

Eu herdei uma panela. (Pode rir, eu deixo, é mesmo engraçado falando assim.) Não foi só uma panela, para ser fidedigno; ficamos com uma sala de jantar, passadeiras, uma fruteira que ela colocava sobre a mesa para decorar e mais alguns itens que não faz sentido algum inventariar aqui. Mas dentre tantas coisas, eu quero mesmo é falar da panela, e só dela. Porque a bendita não tem beleza alguma, é velha, não tem tampa e, misturada com as demais que já tínhamos aqui em casa, deveria passar despercebida, mas não passa.
Ela tem bordas arredondadas e é pesada como nenhuma outra que temos aqui, e estava sempre sobre o fogão dela. Agora, cada vez que eu a vejo dentro do armário ou sobre o fogão, instantaneamente lembro de dona Corina. Ela é diferente, singular. Pertencia a ela e sobreviveu ao seu tempo aqui na Terra, mas parece sempre estar nos lembrando que não nos pertence – ou pelo menos a mim.

Eu desisti de me acostumar com a “presença” da panela e seu significado. Eu realmente achava que, passado algum tempo, ela se misturaria com as outras de modo que eu não a distinguiria mais, ou esqueceria sua origem, exatamente como acontece com o casaco que comprei e “qual foi a loja mesmo…? Deve ter sido naquela viagem.. não pera, vou lembrar, deve ter sido… esqueci”. Pensei mesmo que ela passaria a ser minha, mas depois de mais de um ano, notei que provavelmente ela nunca será e sempre trará de volta, de algum modo, a minha vó.

Tenho também um relógio que uma amiga me deu, não consigo ler as horas sem ver seu rosto quando o uso. Tem um livro que um amigo me emprestou e nunca tive oportunidade de devolver; ao sair de casa, do alto da estante, ele me cumprimenta, ainda que esteja do outro lado país. Uso uma expressão que aprendi com um ex namorado – e não conheço outra pessoa na vida que a use – e posso ouvir sua voz cada vez que o plagio. Ensino algo que um mestre me ensinou e ainda posso sentir a vibração da sua voz empolgada e o peso com que aquela verdade me atingiu no dia em que a conheci…

A questão é, que as pessoas saem das nossas vidas e algumas coisas delas ficam. Presentes, pertences esquecidos no banco de trás do carro, manias, marcas, ideias, coisas… enfim. Elas raramente vêm e vão sem “esquecer” algo no qual podemos tropeçar e lembrar quem elas foram para nós, ou ainda são.

É claro que não deixam só coisas boas, embora eu não queira, aqui, me ater às más. Porém, mais de uma vez, ao terminar relacionamentos ou me afastar de pessoas, me vi obrigada a deletar todas “as coisas de alguém” da minha vida, para que elas não me acenassem, zombando e lancinando meu coração com a dor da decepção e da frustração que me causaram. Fotografias, objetos pessoais, presentes… até o número de telefone e vínculo em redes sociais, dependendo do caso, podem ser “panelas sobre nossos fogões”, nos prendendo a pessoas e situações que já passaram e não nos fazem bem.

Eu gostaria que a minha vó soubesse disso: da sua panela na minha cozinha – a lembrança permanente que ela me traz, tornando-a viva todos os dias dentro de mim; e daquilo que ela consegue me ensinar, mesmo que já não esteja aqui, entre nós – que as coisas de alguém são um pouco da pessoa nas nossas vidas. Cabe a nós decidir o que fica.

Luciana Honorata

 

 

 

 

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“Sagrado” é uma palavra que está, ironicamente, sendo banalizada. Digo isso porque ouço o tempo todo as pessoas dizerem que isso ou aquilo é sagrado, como se dissessem que Nutella é uma delícia. Já percebeu? Para ganhar um debate, basta dizer que “tal coisa é sagrada”, sendo que é esta a coisa que você defende, ou qualquer outra à qual esteja intimamente relacionada, e uma vez dito, seu argumento se torna inquestionável.

Mas, afinal, o que é sagrado? Por que se formos parar pra pensar, as pessoas estão sacramentando tudo, desde meu bem querer (que é segredo, é sagrado, está sacramentado em meu coração) até as vacas da Índia, onde, aliás, os ratos também o são. Sagrado é o “coração de Jesus”, ou o de Maria, o manto de Nossa Senhora, o óleo ungido, o trevo de quatro folhas, o escapulário e o sinal da cruz. Sagrado é o Alcorão, a Torá, Meca, Israel, os amuletos, talismãs e patuás do candomblé, as oferendas a Iemanjá. Há quem sacramente satanás, assim, na cara dura, e ache ele um fofo. Há quem sacramente a ciência, o saber e até, pasme, Beyoncé (duvida?! Googla aí que cê acha). É sagrado o matrimônio, é sagrado o direito de expressão, a liberdade individual e a preservação da vida. Ah, estão sacramentando também o direito a tirar a vida, mas isso é tema para um próximo texto. O que nos interessa, é essa sacramentação de tudo, e se de fato ela procede.

O episódio terrorista contra a revista Charlie Hebdo reacendeu alguns debates, e este foi um deles. Já que até o Papa (que além de sagrado, é considerado infalível pelos dogmas do catolicismo), decidiu equivocadamente opinar a favor do terror (ainda que de forma velada), argumentando que “você não pode insultar a fé dos outros, você não pode zombar da fé”, pois, ao que consta nos autos do politicamente correto, a fé de alguém é algo, adivinha?, isso mesmo, sagrado! Segundo o Papa, portanto, seria errado ridicularizar quem acredita no bicho papão ou quem tem medo de reencarnar numa mosca varejeira, por exemplo. De acordo com ele, é errado expressar a sua conclusão a respeito de cultos canibalistas e ilustrá-lo de forma cômica.

Veja bem, eu não estou tentando relativizar valores morais fundamentais, como o direito à vida e à liberdade. Acredito que a maioria de nós concordamos com a legitimidade dos mesmos, embora os terroristas obviamente os ignore. Aliás, diversas culturas o fazem, a exemplo dos indígenas que matam suas próprias crianças nascidas com deficiência. Mas de acordo com o Papa e alguns relativistas culturais, o direito SAGRADO à vida dessas crianças sucumbiria então, diante do direito à fé que os índios têm de considerá-las amaldiçoadas? O que é mais sagrado, afinal?

Quando eu ouço alguém dizendo que “você não pode zombar da fé”, e usando esta declaração para justificar ou amenizar a gravidade de um atentado terrorista, lembro imediatamente de todos os vídeos perniciosos do Porta dos Fundos, dos inúmeros escárnios do movimento LGBT à fé cristã, e das manifestações pró-aborto com as vadias tripudiando publicamente de símbolos sagrados para os cristãos que ainda têm neles um pouco da sua fé, e se ofenderam profundamente com a penetração de crucifixos nas vaginas daquelas que buscam respeito usando a afronta. Quanto a nada disso o Papa jamais se pronunciou – inclusive quanto às ofensivas charges da mesma revista à Igreja Cristã.

Preciso discordar do Papa, e me perdoem os católicos por isso, mas o faço em favor da verdade. Não preciso respeitar a “fé” das pessoas, mas o seu direito de tê-la. Isso sim, é sagrado, e é esse direito fundamental que os islâmicos radicais estão tentando usurpar – querem extinguir a divergência de fé, pela força.

Para ser ainda mais clara, o nosso respeito é devido às PESSOAS, não às suas ideias, do contrário, não nos seria lícito debater pensamentos e crenças e, portanto, o nazismo ainda teria um lugar legítimo e cativo no nosso mundo, e a produção intelectual seria extinguida. Logo, se você crê que adorar ratos e vacas faz muito sentido, vou defender seu direito de crer nisso, mas me reservo o de achar bobo, irracional, hilário e estúpido, tudo ao mesmo tempo, e ainda postar no meu twitter usando de um pouco do sarcasmo que me é peculiar – nada pessoal, ta?

Mas estávamos falando do que é sagrado, e vou, finalmente ligar os pontos. É que o sagrado diz respeito à consideração, e não à substância, e a Bíblia (para mim, sagrada) nos ensina isso.

Se nos debruçarmos nas Escrituras, veremos que Deus considerava como sagrado aquilo que separava do uso comum, corriqueiro, para que fosse dedicado a ele. É por essa razão que ele mandou Moisés tirar as sandálias para que pisasse naquela terra que, segundo ele, era santa. Ela estava sendo destacada, naquele momento, como o lugar onde Deus se revelaria a Moisés, e a partir de então deixou de ser um lugar qualquer.

Também é por isso que os objetos utilizados no Templo eram consagrados antes de serem usados e, portanto, sagrados a partir daquele momento. Os talheres do Templo, por exemplo, certamente não eram feitos de um material extraterrestre (obviamente eram de metal), no entanto, desde o momento da consagração, não mais eram usados como os da nossa casa, mas com um cuidado e consideração especiais, para um propósito definido estabelecido por Deus e, portanto, sagrado. É justamente daí que vem a crença de que as pessoas que se consagram a Deus são santas: não porque têm uma substância diferente de todas as outras, ou porque sejam moralmente superiores, mas porque a Bíblia ensina que uma vez separados para Deus pelo sangue de Jesus (do grego hagios), embora sejam de carne e osso, Deus assim as considera – santos, ou sagrados, como preferir.

O que eu quero dizer, finalmente, é que de forma prática o sagrado é aquilo que você assim o considera, e não podemos exigir que o mundo, na sua pluralidade de pensamento, respeite e engula nossa fé, como se ela fosse inquestionável. É assim que fundamentalistas agem, mas não é assim que Deus ensina. É assim que os xiitas pensam, mas não é isso que a razão contempla. Para os cristãos, sagrado deve ser aquilo que DEUS diz que é, e ponto final, mas quem se importa com isso além de nós?

O papa está errado, e eu vou continuar rindo de quem tem medo de passar embaixo da escada para não ter azar e lê horóscopo. Vou continuar matando ratos e comendo vacas. Eu também não respeito a fé dos satanistas, nem sou obrigada, mas respeito a cada um deles como PESSOAS, e seu direito de adorar a quem ou o que quiserem.

Como afirmou sabiamente o apóstolo Paulo na carta aos Romanos, “tens fé? tenha-a para ti mesmo”, e conforme-se de que muitos irão discordar dela, e outros tantos irão desrespeitá-la, mas a mantenha bem guardada no íntimo do seu coração, pois é “mediante a fé que sois salvos”, e é a fé o seu escudo contra o mal deste século – talvez não o mal dos jihadistas islâmicos, que pode nos roubar a vida natural, mas certamente o mal que pode nos roubar a eternidade.

 

 

politica-e-religiaoSou cristã há quase uma década e meu círculo de amizades é maciçamente “gospel”. Entre amigos e seguidores nas redes sociais, devo ter algo em torno de quase 4 mil pessoas vinculadas a mim, e das quais tenho acesso às publicações. Ultimamente, tenho notado que posso contar nos dedos aqueles que demonstram interesse por política, muito embora nossa nação esteja vivendo um momento tão delicado nesse aspecto, em especial os cristãos.

Há um silêncio ensurdecedor por parte da Igreja, que parece se esconder atrás do “respeito às autoridades” recomendado pela Bíblia, da inevitabilidade escatológica de progressão do mal nos últimos dias, do dever de oração que pesa sobre os crentes, ou da suposta irrelevância que as coisas “naturais” têm em relação às “espirituais”, na tentativa de se esquivar da responsabilidade de, pelo menos, se posicionar em relação aos fatos que atingem diretamente os interesses da mesma.

Espio meu feed de notícias e pergunto-me se meus irmãos na fé realmente não se importam com o que está acontecendo, se não estão percebendo, ou se fazem vista grossa. É inevitável pensar que parecemos estar vivendo em países diferentes, dada a discrepância de interesses demonstrados pelas notícias que estão sendo, ao mesmo tempo, compartilhadas e ignoradas. E lamento muito – vou dizer o porquê. Continue lendo…

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Eu nunca participei de manifestação alguma na vida. Aliás, não só nunca participei, como fui crítica severa das manifestações que aconteceram em junho do ano passado – antidemocráticas nas suas raízes e métodos: atrapalhavam o trânsito, feriam o direito de ir e vir das pessoas, depredavam o patrimônio público e, e entre outros inconvenientes, não tinham uma finalidade objetiva. Desta vez, no entanto, faço questão de ir às ruas e manifestar os meus anseios, pois acredito haver uma causa objetiva e justa pela qual levantar a voz: fazer valer a Constituição Brasileira, em tudo que Dilma e sua turma estão atropelando.
Veja bem, não é porque eu odeie o PT. Na verdade, fui indiferente a ele por quase 10 anos, enquanto estava alheia a seu pacto tenebroso com a esquerda radical da América Latina, que suscitou o famigerado Foro de São Paulo. Contudo, tendo tomado ciência da verdade, e uma vez que tenho visto aonde o desgoverno deste partido está levando a nossa nação, sinto-me responsável por usar das VIAS DEMOCRÁTICAS a favor do meu país.
Clamarei por justiça, mesmo que ela não seja feita, por uma questão de consciência.
Eu não quero regresso – na minha bandeira está escrito PROGRESSO logo após a palavra ORDEM, que infelizmente não descreve nem de longe a situação que estamos vivendo. É inaceitável que uma corja de bandidos queira se apropriar da máquina do Estado para promover o retrocesso que essa

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Quem merece ser estuprada?

4 de abril de 2014 — 1 Comentário

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Novo texto na Coluna do Portal Guiame. Aqui vai o link:

 

http://www.guiame.com.br/colunistas/luciana-honorata/e-quem-merece-ser-estuprada.html#.Uz7UxfldURF

 

Ok, ok, eu sei que estou demorando a postar por aqui, but… estarei regularizando esses dias! Prometo!!!

 

Grande abraço e até logo!

 

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Sim, eu sei, estou vindo pouco por aqui, mas prometo normalizar em breve. Enquanto isso, vou compartilhando com vocês minhas postagens na coluna do #PortalGuiame. Essa é fruto de uma indignação santa que surgiu no meu coração, e espero que edifique vocês. O link está aqui:

http://www.guiame.com.br/noticias/colunistas/luciana-honorata/prisao-perpetua-para-homossexuais-e-inquisicao-evangelica.html

No mais, a gente se encontra daqui alguns dias! Grande abraço a todos!

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Olá pessoal, paz a todos!

Estou passando aqui para compartilhar com vocês um texto novo que escrevi para minha coluna no Portal Guiame, sobre o medo da verdade. Faz pouco mais de um ano que a coluna existe e, assim como o blog, estava parada por um tempo, mas voltei a atualizá-la esse ano. A questão é que decidi publicar um conteúdo exclusivo lá (pra não ser um repeteco daqui, né?), mas ao mesmo tempo não quero deixar de compartilhar com vocês que assinaram o blog, os textos que to produzindo pra coluna de lá, pois sei que desejam acompanhar as publicações,  portanto, estou disponibilizando o link da mensagem aqui, e assim o farei a cada nova publicação.

O link: http://www.guiame.com.br/noticias/colunistas/luciana-honorata/medo-da-verdade.html

Espero que vocês gostem. 🙂
Um grande abraço a todos e até o próximo post!

Medo de Amar

3 de janeiro de 2014 — 6 Comentários

tumblr_l1srgadkVE1qbn39vo1_500_largeReza um dito popular que gato escaldado tem medo de água fria, e apesar de não ser muito adepta de ditados, devo reconhecer que existe um tanto de verdade nisso. Uma lamentável verdade, aliás.

Quem foi ferido, abandonado, traído ou amou errado. Quem assistiu de camarote alguém muito querido sofrer por outrem; quem não foi valorizado ou tratado de forma digna; quem se deu completamente e recebeu muito pouco em troca; quem estava disposto a tudo por alguém e teve nada quando precisou; quem amou e se frustrou; quem apostou e “perdeu” ao invés de ganhar… Enfim, quem metaforicamente já bateu com a cara na parede e se arrebentou todo, sabe do que estou falando e, bem provavelmente, tem medo de amar.

Já ouvi tantas vezes, de tantas pessoas, de lugares e idades diferentes, que não acreditavam mais no amor, que isso já virou clichê. Elas parecem predispostas a ter essa atitude mental, e se acovardam tão facilmente, que comprometem a saúde da sua vida como um todo.

Gente que têm medo de amar, de se doar, de dar o melhor que possui, de acreditar nas pessoas e estabelecer seus relacionamentos com confiança, tudo por causa de antigas experiências frustradas que se tornaram uma espécie de referencial do mal, assombrando todos os vínculos que começam a ser estabelecidos. Gente dolorida por dentro, que caiu numa espécie de autismo emocional, e perde o melhor de quem é bom, por causa do pior de quem é mau.

Eu as entendo. Já levei meus baques, e não poucos. Já feri e fui ferida, e sei bem do que estou falando. Compreendo perfeitamente quem se comporta como um cachorro chutado, que se acua num canto de parede ao ver pés dentro de sapatos vindo em sua direção, e acho que a maior parte de nós já viveu isso de algum modo.

Não falo apenas de relacionamentos conjugais, me entenda, até porque não amamos somente dessa maneira. É claro que nesse tipo de relacionamento é bem mais frequente, mas tem gente que foi tão ferido pelos pais, por exemplo, que tem medo de amar o Pai celestial. Existem pessoas que já foram tão abandonadas por amigos, que não conseguem mais ter vida social. Há outras que foram tão exploradas, que não conseguem confiar em mais ninguém… Pessoas enganadas, traídas e abusadas. Tantos tipos de dor e medo, para tantas quantas diferentes maneiras de amar existam.

Porque amar, sejamos francos, também é sofrer, e acho que muitos de nós pensamos no amor de uma forma tão romântica, que não conseguimos enxergar isso. Amar de verdade envolve abnegação, compreensão e perdão. E nada disso é fácil. Significa deixar-se em segundo plano e aceitar o outro integralmente, o que significa que não vai ser exatamente como se quer ou espera.

Veja bem, não quero dizer que quem ama faz o outro sofrer (nunca jamais!), mas que quem ama sofre, pois a bíblia ensina que o amor “tudo sofre, tudo crê, tudo espera e tudo suporta”, logo, ter medo de amar por ter medo de sofrer é uma grande contradição!

Amar é sofrer, e disso não podemos fugir. Não o tempo todo, não de todas as formas, mas de algum modo, sem dúvida. Há dor em engolir o orgulho. Há dor em perdoar (mas também há alívio). Há dor em priorizar os interesses dos outros em detrimento dos nossos. Há dor em renunciar. Há tanta dor em esperar, em ser gentil frente à rispidez, em silenciar diante da afronta… Há, de fato, muitas dores no amor, mas há graça para todas elas, e uma glória para cada uma.

Há um tipo de sofrimento que Deus não quer que passemos, é verdade. Há certas coisas que não precisamos mais passar, porque o Senhor já levou-as com ele na cruz. Não precisamos mais passar pela morte espiritual, definitivamente! Também todas as dores e enfermidades ele verdadeiramente carregou-as consigo, depois de toma-las sobre si, assim como a dor da privação, da miséria e do castigo. Não precisamos sofrer mais nada disso!

Mas Jesus nunca prometeu que não seríamos decepcionados pelas pessoas que amamos. Muito pelo contrário, ele advertiu que nossos inimigos seriam os da nossa própria casa (Mt 10.36), e ensinou sobre perdão tantas vezes, de tantas formas, com e sem palavras, que precisaríamos de um livro para falar de todas. Ele não enfeitou o maracá, nos fazendo acreditar que as pessoas nunca nos feririam – ele não nos iludiria jamais.  Preferiu gastar seu tempo ensinando-nos a como passar pelas decepções sem perder a paz, a alegria, a comunhão com Deus e… a fé nas outras pessoas!

Já pensou se Jesus pensasse como tantos de nós? Ele nunca teria restaurado Pedro, e teria ficado desconfiado com os outros dez depois da traição de Judas. Mas Jesus não tinha medo de amar – ou de quebrar a cara, como costumamos dizer. Ele acreditava sempre no melhor das pessoas, e apostava nelas sem receio algum.

Tratava-se dele e não dos outros. Do seu caráter, da sua personalidade, do seu jeito de ser. Acreditar nas pessoas, trata-se de quem nós somos ou queremos ser, e não de quem elas são! Decidimos acreditar no melhor das pessoas não porque conhecemos seus históricos de boas obras e ética profissional, seus caráteres indefectíveis e maduros, mas porque nascemos para ser crédulos, já que nenhum homem nasceu para ser mentiroso.

Pensando bem, Deus não nos fez para a mentira. Ele não nos criou para enganar e ferir, sermos rudes e mesquinhos. Nascemos de Deus e, essencialmente, com a sua capacidade de amar e crer nas pessoas, ainda que sejamos feridos novamente…

Eu decidi que não vou medir as novas pessoas que conheço pelas antigas. Cada indivíduo tem uma história, uma personalidade, um contexto de vida e um caráter. As pessoas que entram nas nossas vidas não têm culpa do estrago que outras que passaram antes fizeram. É injusto usar a mesma régua para medi-las. Além do mais, existe muita gente boa, com um coração segundo o de Deus e cheio de amor pra dar, para conhecermos… só precisamos encontrá-las.

Não estou dizendo com isso que devemos nos expor, ou sermos irresponsáveis com nossos relacionamentos, servindo de capacho para quem só pensa em nos usar. Longe disso! Há um ponto de equilíbrio nessa questão, como em qualquer outra. Mas acredito piamente que podemos ser menos covardes e deixar nossos corações livres para gratas surpresas, novas amizades, novos amores, novas conexões que serão verdadeiras dádivas de Deus para nossas vidas…

Sei disso porque aprendi do Mestre Jesus, e porque decidi ser ousada o suficiente para pôr em prática. Hoje eu digo “ainda bem…”, e com o coração cheio de gratidão, louvo a Deus pelas gratas surpresas que ele tem me proporcionado.

Medo de amar? Não mesmo! Pois “no amor não existe medo; antes o verdadeiro amor lança fora todo medo” e “aquele que teme não é aperfeiçoado no amor”.

Não temamos fazer aquilo para o que nascemos… Nós nascemos para amar.

Luciana Honorata

1003029_10201720737282985_1114260012_nA maioria das pessoas pensa na vida de modo compartimentado. Compartimento da Família. Do Estudo. Trabalho. Amigos. Relacionamento. Finanças. Diversão. Religião. Praticamente o mundo inteiro pensa assim, em “pedaços”. As pessoas sabem dividir bem as coisas quando é do seu interesse, e de fase em fase na vida, vão cuidando do compartimento da vez, conciliando alguns e negligenciando outros. Mas geralmente sem misturá-los.

Já temos os nossos ditados: “amigos, amigos, negócios à parte”; “não se deve levar trabalho pra casa”; “em briga de marido e mulher não se mete a colher”, e por aí vai… Tudo muito bom e útil, é verdade. Mas suspeito que desse padrão de pensamento resulte a premissa de que não se deve “meter religião” (ou Deus) nas outras coisas da vida. (Pior, não se deve sequer discutir religião, que entra na categoria de “indiscutibilidade” juntamente com política e futebol).

É uma dedução inconsciente mais ou menos assim: a VIDA (trabalho, estudos, amor, família, projetos, etc.) é o que acontece durante a semana, e religião (ou Deus) é coisa de domingo ou horários vagos esporádicos (de tédio).

As pessoas dizem coisas como, “minha vida profissional não tem nada a ver com a minha religião, são coisas completamente diferentes!”, e o mesmo vale para relacionamentos, estudos e tudo que se faça de inútil. (É claro que será ótimo se Deus quiser abençoar, e posso até orar por isso, mas “cada um no seu quadrado” – agradeço se depois de liberar a bênção Deus puder voltar ao dele.)

Li um artigo essa semana sobre uma modelo evangélica que fechou contrato com uma revista masculina para posar nua, e ela alegou justamente isso – “o que faço da minha vida profissional não tem nada a ver com minha religião”! Veja bem, eu não estou aqui para julgar a moça (longe disso!) e aprovar ou desaprovar sua conduta, mas fiquei pensando sobre o assunto desde então, ponderando se realmente são coisas que não se deve associar.

Aconteceu também algo interessante mês passado. Fui ferozmente “atacada” ao postar um texto relacionando fé e política, apenas cogitando qual seria o comportamento de Jesus diante dos protestos recentemente ocorridos na nossa nação e, consequentemente, qual deveria ser o nosso como cristãos. Alguns comentaram (não tão educadamente, claro), que misturar política e religião era um absurdo e uma falta de bom senso. Será mesmo?! Duvido, mas não vou entrar no mérito agora.

Lembro claramente, contudo, de ter sido evangelizada por um rapaz e ser impactada com essa impressão. Eu falava dos meus compartimentos, ele não. Pra ele, tudo estava conectado entre si, e sobretudo, com Cristo. Eu era tão organizada nos meus pensamentos para o futuro! Eu sabia quantas empresas queria ter e como seria a rede de lojas que eu montaria, e em que curso me graduaria, e pra não me alongar, tinha cada coisa no seu lugar, inclusive Deus, lá naquela caixinha do “Deus me livre, Deus me guarde, Deus me faça a feira”!

Mas na vida do rapaz era diferente. Deus estava lá, mas não timidamente. Não no quartinho dos fundos. Ele era como uma água que inundava todos os compartimentos e embebia cada um dos seus sonhos. De certo modo, ele os dissolvia e misturava. A essência de Deus estava ali, interligando todas as áreas, envolvendo-se nelas e envolvendo-as umas com as outras…

Na vida dele, Deus era SENHOR, não religião.

Lembro nitidamente de como ele não me olhava nos olhos enquanto falava. Seu olhar era perdido, lá em cima, e aquilo me intrigava. Era como se buscasse no alto a inspiração, enquanto eu, tão rasa, falava daqui de baixo… Eu pensava, “ei, não mete Deus na conversa agora, não tem nada a ver, estamos falando de trabalho!”, mas ele não fazia por mal, era só que Deus estava envolvido com sua vida profissional, então ele o mencionava. Daqui a pouco, ele já estava “convertendo” os filhos que ainda não tinha tido, dando o dízimo do trabalho que ainda não tinha conseguido, honrando a esposa que esperava encontrar, e compartimento após compartimento era inundado com a presença indispensável de Deus, sendo consequentemente abençoados por ele.

Aquilo me marcou de modo irremediável, embora eu não tenha compreendido bem o porquê no momento. Hoje, distante daquele dia, consigo ver melhor a imagem real das coisas. Ele estava seguindo o conselho inspirado do provérbio que diz, “reconhece-o [o Senhor] em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas.” (Pv 3.6).

É somente quando reconhecemos Deus nos nossos caminhos, que ele “ajeita” nossa vida. Quando reconhecemos o que Deus diz sobre nossas finanças, que a sua bênção as alcança. Quando o reconhecemos nos nossos relacionamentos, que teremos paz e harmonia neles. Quando o reconhecemos no trabalho, que prosperaremos e encontraremos satisfação… Em cada compartimento que o deixamos entrar e participar, a sua influência estará ali, presenteando-nos.

Honestamente, acredito que se possa viver uma vida compartimentada – uma vida mediana, que coloca Deus lá nos fundos. Uma vida indo ao culto/missa/reunião uma vez ou outra, e fazendo caridade pra se sentir menos insensível de vez em quando. Dá pra fazer, sim. Muita gente vive desse jeito, mesmo sendo (ou pensando ser) cristão. Mas eu não posso mais acreditar que esse é o melhor jeito de viver, por causa do brilho que vi nos olhos daquele rapaz, que me fizeram querer conhecer essa vida embebida no Espírito.

Hoje, eu jamais conseguiria dizer que minha carreira, meu trabalho, minha família, meus amigos, meus pensamentos, meus estudos, a sístole ou a diástole do meu coração, não têm nada a ver com Deus. Eu não seria capaz disso. Tudo tem a ver com ele. Tudo é dele, por ele e para ele! Nele vivemos, nos movemos e existimos. Todas as coisas convergem nele, e tudo só faz sentido por causa dele.

Não é que ele se meta na vida de ninguém, mas a gente bem que pode convidar o arquiteto do universo pra redecorar a nossa vida. Certamente ele vai querer derrubar algumas paredes e reconstruir algumas vigas, misturar alguns ambientes e mudar as cores. Mas a casa vai ficar mais bonita, sem dúvida alguma.

Ser cristão, na verdade é entender que não somos mais de nós mesmos e que nós servimos a um propósito maior que ecoa para a eternidade e se estabelecerá nela. Que tudo quanto fizermos, devemos fazê-lo em nome do próprio senhor Jesus, como se ele mesmo estivesse fazendo. Não se trata de religião, se trata de um modo de vida. Admitamos, não há como compartimentalizar nada radicalmente pensando assim…

Desconfio seriamente que aqueles que conseguem separar bem as coisas, ainda não compreenderam que aquele que se une ao Senhor é um só espírito com ele, e que uma vez que encontramos a Cristo, não mais vivemos, mas ele vive em nós.

Pode me chamar de bitolada, à vontade, por mim tanto faz. Mas depois de misturar-me com Deus e mergulhar minha vida inteirinha nele, eu ganhei aquele brilho nos olhos e me pego muitas vezes olhando para o “nada”, buscando inspiração para o futuro que estou construindo com ele… Assim, eu enxergo bem mais, e as águas do Espírito Santo de Deus encharcam os meus sonhos. Todos eles.

A Dor Cega

30 de junho de 2013 — 6 Comentários


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Minha mãe tinha uma unha encravada no dedão do pé. Dessas que ficam feias, horrorosas, e que tinha todo o agravo que uma unha encravada que se preze pode ter – vermelhidão, inchaço, secreção e etc. A coisa tava bem séria.

Isso foi há muito tempo. Na época, meu irmão mais novo tinha por volta de cinco anos e era um pimentinha. Lembro dele estar “travessurando” pra lá e pra cá, quando veio correndo em direção a ela para pedir alguma coisa e, descuidadamente, pisou em cheio justamente na… adivinha! Continue lendo…

A Ilusão da Revolução

20 de junho de 2013 — 15 Comentários

imagesO país está fervendo e não se fala em outra coisa além da suposta revolução que se iniciou por causa dos benditos vinte centavos do aumento da passagem de ônibus. Ta, “não foi por causa dos vinte centavos”, ok, esse foi o estopim de um povo indignado pela corrupção e descaso dos governantes que têm abusado do poder que lhes foi atribuído democraticamente. Em outras palavras, o povo “cansou”, e agora quer revolucionar a ordem do país para que o progresso de fato aconteça.

Sair às ruas, levantar cartazes, organizar manifestações nas redes sociais, murmurar online e protestar em praça pública, portanto, tornou-se o novo hit do momento, e depois de ver inúmeros cristãos aderindo aos “movimentos revolucionários”, decidi abordar a questão da maneira mais bíblica que a luz que eu tenho da Palavra me permita.

Particularmente, considero tudo isso uma imensa ilusão, e já pretendo explicar o porquê. Não estou falando a respeito da busca por um país melhor, ou de se “lutar” para fazer valer os direitos do povo pois, de fato, são legítimos e devem ser requeridos. Falo, contudo, dos meios que estão sendo usados para se atingir os fins, isto é, estou me referindo a todos esses protestos repletos de vandalismo e desrespeito ao próximo. Continue lendo…

200289543-002Agora que já entendemos que a Bíblia é uma revelação progressiva, podemos compreender que o Novo Testamento explica o Antigo e que muito do que foi escrito lá atrás era uma declaração específica, para um povo específico que estava numa condição específica, ou seja, não serve integral e especificamente para nós.

Não é o caso, entretanto, de ser inútil – isso seria, inclusive, uma blasfêmia, pois o apóstolo Paulo claramente aponta que “toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, correção e educação na justiça”. É só que ler o “obscuro” é o caminho mais longo para se compreender a vontade de Deus; além disso, verdade seja dita, indo por lá é mais provável que a gente se complique mais do que se ajude.

Veja bem, a questão é que nem tudo o que está escrito na Bíblia foi escrito para a Igreja! Nós podemos sim, tirar proveito de tudo o que está escrito de algum modo, mas isso não quer dizer que todas aquelas palavras foram direcionadas a nós, e é aí que temos errado.

Precisamos compreender que apesar de Deus não ter mudado, a situação em que o homem se encontra diante de Deus mudou muito ao longo das eras. Deus continuou sendo o mesmo, no entanto, a condição do homem mudou.

Adão, por exemplo, tinha uma condição antes de pecar e outra depois – ele já não era o mesmo depois de desobedecer a Deus, logo, seu relacionamento com ele e as regras que o regiam não eram iguais.

Do mesmo modo, depois da Lei ser entregue a Moisés, a situação do homem perante Deus também mudou, pois a partir de então um regulamento que deveria ser seguido e pelo qual o homem seria julgado foi estabelecido.

Com a vinda de Cristo, sua morte e ressurreição, outra realidade foi instituída e, consequentemente, uma nova era (a da graça) com uma nova lei (do amor) se iniciou.

É claro que estou sendo simplista e resumindo tudo pra facilitar a nossa vida! O que eu quero, é que fique claro que a Bíblia é um conjunto de livros que, reunidos, contam uma história que só faz sentido quando sabemos lê-las.

A primeira coisa a ser considerada aqui, portanto, é que o Antigo Testamento não foi escrito para a Igreja de Cristo, isto é, não foi direcionado a ela. Se ele fosse uma carta, no campo “destinatário”, estaria escrito “aos Judeus Israelitas”.

Ora, isso explica muita coisa!

Explica, por exemplo, porque eu me senti tão mal ao ler as terríveis palavras de Jeremias para o povo de Judá.

De vez em quando, na minha infância espiritual, eu abria a Bíblia com o intuito de conhecer Deus e, como alguém havia me dito que a Bíblia era Deus falando comigo, como boa crente que sempre fui (e modesta, é claro, rs…), acreditei naquilo. Abri em Jeremias 17 e li:

“O pecado de Judá está escrito com um ponteiro de ferro e com diamante pontiagudo, gravado na tábua do seu coração e nas pontas dos seus altares… os teus bens e todos os teus tesouros darei por presa, como também os teus altos por causa do pecado, em todos os teus territórios! Assim, far-te-ei servir aos teus inimigos, na terra que não conheces… Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?”

“Enganoso… meu coração… corrupto… servir meus inimigos… terra estranha… ferro no coração… pecado… Ai, Jesus, me acode!”, eu pensava. E ficava com aquele sentimento de condenação, tentando me lembrar de cada pecado não confessado, procurando “cabelo em sapo”, com medo de Deus, como se a qualquer momento pudesse ser fulminada.

Mas, ei! não era a respeito de mim que Deus estava falando aquilo. Nem é a seu respeito, irmão (aleluia, o conhecimento realmente liberta!). Isso não tem nada a ver conosco, mas eu me perguntava como podia haver tantas coisas boas e ruins ao mesmo tempo escritas sobre nós dentro da mesma Bíblia. Como poderia Deus parecer um bipolar, bastando, para isso, virar algumas páginas?!

Simples: o Antigo Testamento não foi endereçado a nós.

O que Jesus resumiu como “a Lei de Moisés, os Profetas e os Salmos” (Lc 24.44) – o Antigo Testamento – era direcionado aos judeus, e contava uma história e regulamentava um modo de vida que lhes servia naquele tempo, antes de Deus resolver as coisas de forma definitiva através de Jesus. Mas tudo aquilo durara até João Batista (Lc 16.16), e a partir de então começou a ser anunciado o reino de Deus e, somente depois, ser gerada a Igreja.

Para falar bem a verdade, a Igreja ainda não existia nos tempos do AT e ninguém sequer sabia que ela um dia haveria de ser – ela era um mistério. Ninguém tinha conhecimento de que os gentios (todo aquele que não era descendente de Abraão e, portanto, que não era judeu), um dia poderiam ser considerados como povo de Deus, e que o Todo Poderoso ia confundir a teologia dos doutores da Lei, unindo todos os seres humanos (judeus e não-judeus) num só Corpo – a Igreja.

Quando lemos o Antigo Testamento, portanto, estamos vendo Deus tratando com o homem nas limitações daquela época, quando Jesus ainda não tinha vindo e resolvido o problema do pecado, isto é, quando a Nova Aliança ainda não havia sido estabelecida no seu sangue e o coração do homem ainda não havia sido purificado pelo sacrifício de Cristo.

É por essa razão que não é bom que comecemos a ler a Bíblia a partir de Gênesis, mas o ideal é começar pelo Novo Testamento – formado pelos Evangelhos, Atos dos Apóstolos e pelas Epístolas, dando especial atenção a estas, pois foram cartas escritas pelos apóstolos para as igrejas da época com o intuito de instruí-las, corrigi-las e fundamentá-las na verdade.

Elas simplificam (e muito) a nossa vida pelo simples (e maravilhoso) fato de serem direcionadas a nós! Foram escritas para explicar-nos como deve ser a nova vida em Cristo, e quais são as regras que estão valendo depois de estabelecida a Nova Aliança!

Ora, esta é uma Nova Aliança ou um Novo Contrato que, segundo a explicação das epístolas, é superior à Antiga, firmada ou estabelecida em promessas superiores (Hb 8.6) e tem novas regras! (Hb 7.12)

A igreja tem errado em ficar se detendo na leitura e no estudo do Antigo Testamento, firmando suas pregações e ensinamentos naquilo que disse Moisés, naquilo que fez Elias, nas atitudes que teve Davi e os demais profetas. Estamos numa melhor condição que todos eles, e precisamos nos orientar pelos referenciais certos!

Irmãos, estamos numa aliança superior!!!

Biblia

A primeira dica realmente importante para quem quer ler a Bíblia corretamente, é entender que ela é uma revelação progressiva. Pode ser que você já tenha ouvido essa expressão, mas não saiba exatamente o que ela significa, e o objetivo aqui é esclarecer esse princípio.

Afinal, o que é essa tal revelação progressiva de que as pessoas tanto falam?

Significa dizer que Deus se revelou para o homem progressivamente, de modo que o homem sabia muito pouco a respeito de Deus no princípio, mas aos poucos, gradativamente, ele foi revelando a si mesmo e a seu propósito para a humanidade. É como se aquilo que era “obscuro” fosse clareando mais e mais, até que houvesse luz suficiente para que fosse visto com clareza.

É por essa razão que nos embaraçamos tanto quando lemos a Bíblia do começo, a partir de Gênesis, pois queremos entendê-la olhando para o nebuloso, quando o ápice da revelação de Deus se dá com a presença de Jesus na Terra. Hebreus diz:

“Há muito tempo Deus falou muitas vezes e de várias maneiras aos nossos antepassados por meio dos profetas, mas nestes últimos dias falou-nos por meio do Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas e por meio de quem fez o universo. O Filho é o resplendor da glória de Deus e a expressão exata do seu ser…” (Hebreus 1.1-3)

Sim, Deus falou com o homem desde o princípio, não poucas vezes, mas muitas, e não somente de uma maneira, mas de diversas. Deus falou com o povo por meio dos profetas e da Lei, no entanto, desde que Jesus começou seu ministério até os tempos de hoje, é por meio dele que Deus nos fala, e é a ele que devemos ouvir, pois ele é a “reprodução precisa de Deus em todos os aspectos”.

Jesus é o ponto final da progressão na qual Deus se revelou, o clímax dela. Ele é aquele que dá sentido ao início, meio e final da Bíblia. Diz-se que ele é a “chave hermenêutica” das Escrituras, e essa expressão tão bonita quer dizer, simplesmente, que se quisermos compreender qualquer coisa que esteja escrita entre Gênesis e Apocalipse, devemos ter em mente que tudo é sobre Jesus, aponta para ele e converge na sua pessoa. Ele é a expressão EXATA de quem é Deus, e ao mesmo tempo de como nós, filhos, devemos ser.

Isto nos mostra que o Novo Testamento é a palavra final. Ele interpreta o Antigo. O livro de Hebreus é um excelente exemplo disso, pois foi visivelmente escrito para esclarecer que todos os ritos e cerimoniais da Lei eram uma figura, um “tipo”, uma sombra da realidade consumada por Jesus. Na verdade, Hebreus explica o propósito do Pentateuco e encerra a questão – estamos em uma aliança superior, baseada em superiores promessas. (Hb 8.6)

É por isso que quando pregamos no Antigo Testamento devemos pensar sobre que aspecto de Jesus o texto mostrará, já que a tônica da pregação da Igreja deve ser Cristo. O uso correto da Bíblia, portanto, é que o Novo Testamento é a revelação final de Deus, e a Bíblia deve ser interpretada sempre à luz da pessoa e dos ensinos de Jesus.

Lucas 16.16 diz: A lei e os profetas duraram até João [Batista]; desde então é anunciado o reino de Deus, e todo o homem emprega força para entrar nele.

Por que, então, ainda queremos tomar o Antigo Testamento regra de fé? Porque não compreendemos isso muito bem, mas vamos chegar lá!

João, inspirado pelo Espírito Santo, disse algo fantástico que lança muita luz nessa questão:

Ninguém jamais viu a Deus, mas o Deus Unigênito [Jesus], que está junto do Pai, o tornou conhecido. (João 1.18 – NVI)

Jesus fez com que soubéssemos quem é Deus, ele nos mostrou o Pai! A versão Revista e Atualizada diz que ele o REVELOU, e de fato, a palavra grega utilizada é exegeomai, que quer dizer “intérprete”, “porta-voz”, “aquele que guia ou conduz até”, assim como os mestres da Lei se levantavam nas sinagogas para interpretá-la. Jesus, entretanto, interpreta Deus para nós com exatidão, e não com uma vaga ideia a seu respeito.

Mas olha só, o mais importante é que João não diz isso assim, “do nada”. Ele diz essas palavras justamente depois de afirmar que Deus havia dado a Lei a Moisés (o Antigo Testamento), mas que a GRAÇA e a VERDADE vieram por meio de Jesus Cristo (v.17), o que significa que ele está dizendo basicamente algo como: “Nem mesmo Moisés, a quem Deus entregou a Lei, chegou a vê-lo (apesar de tradicionalmente os judeus pensarem que ele o viu face a face); logo, ele não o conhecia bem o suficiente a ponto de falar a seu respeito com propriedade, já que tinha uma noção muito limitada da sua pessoa. Moisés nem sequer trouxe a verdade, mas a Lei, que apenas conduzia até aquele que a traria”.

Em contraste com isso, João diz que Jesus trouxe a graça e a VERDADE, o que equivale dizer, em termos práticos, que antes de Cristo não havia verdade no mundo, mas apenas vislumbres dela. E ele não somente viu a Deus, como nos revelou o seu caráter e propósitos, posto que os conhece muito bem.

Em suma, o objetivo do texto é mostrar que é somente por meio de Jesus que podemos conhecer a Deus. Que Cristo é o único que tem propriedade, competência, condições de nos mostrar quem é o Pai. É olhando para Cristo que entendemos os porquês do antes (Antigo Testamento), do agora e do depois (o milênio que iremos inaugurar com a sua segunda vinda, e a eternidade que nos aguarda).

Certa vez Filipe pediu ao próprio Jesus que lhes mostrasse o Pai, e se Jesus fosse nordestino, tinha chamado ele de abestado, tenho certeza! “Ta vendo não, menino?! Pelamordedeus, olhe pra mim que é a mesma coisa, meu filho! Esse tempo todo pra cima e pra baixo com vocês, e ainda não perceberam que tudo o que eu faço é pra mostrar quem ele é? Aquilo que eu digo é porque ouço dele, e aquilo que faço é porque vejo ele fazer!” (João 14.8-11). Entendeu agora ou quer que eu desenhe?! (essa parte digo eu, não o Senhor, só pra descontrair rsrs…)

Mas o fato, é que isso Moisés e a Lei não podem fazer, até porque não lhes pesa como obrigação (a Lei nunca pretendeu revelar Deus, mas guiar o homem até aquele que o faria). Davi também não o pode, mesmo com tantos salmos maravilhosos e proféticos, inspirados pelo Espírito. Elias e Eliseu, com toda a sua unção e poder, apenas o apontam e glorificam, mas nenhum deles lhe explica de fato. Afinal, nenhum míope pode produzir uma pintura fidedigna à realidade da “paisagem”.

*Continua no próximo post… Até lá! 😉

66259b93b65e3f9b01c0-54Que nós devemos, como crentes, ler a Bíblia, todo mundo sabe assim que nasce de novo (aliás, até os incrédulos têm conhecimento disso); o que muita gente não sabe, entretanto, é como fazê-lo.

Quando eu me converti, eu queria conhecer Deus. Eu não queria ser religiosa – queria aprender a ser filha, conhecer a vontade do meu Pai, aprender sobre a nova vida que estreara no maravilhoso dia do “sim, eu te recebo, Jesus”.

Já haviam me dito que a Bíblia é a Palavra de Deus, e que tudo o que eu precisava saber estaria lá, então, eu imediatamente pensei, “ah, ficou fácil, eu adoro ler!”. Fico pasma em perceber o quão redondamente enganada eu estava! Não acerca da fonte da verdade, muito menos acerca do meu amor pela leitura, mas definitivamente pela ingenuidade de acreditar que seria tão simples assim.

Tive muitas dificuldades. Com a linguagem pra lá de rebuscada, primeiramente. Depois, com relação à sequência de ler a bendita (o que não deveria ser um problema, já que um livro “deve” ser lido sequencialmente, da sua primeira página, à ultima, não é vero?! Afinal, quem é o doido que começa a ler uma obra pelo meio? Bem, veremos que a Bíblia poderá muito bem ser uma exceção a esta regra.)

Além do mais, depois de Gênesis o negócio ficava tão “tenso” (vulgo complicado), que eu perdia a motivação pra ler. As genealogias, os rituais, os nomes de todos aqueles povos que eu não tinha ideia de quem eram e de como danado tinham caído de paraquedas nas histórias, as profecias excêntricas e “confusas”, a narrativa cansativa (cheia de simbolismos que eu ignorava), os eufemismos… Era tanto empecilho, que acabava se tornando muito desgastante para um bebê espiritual! (Você sabe, o tempo de atenção de uma criança é bem curto, já dizem os pedagogos…)

Eu ficava meio condenada por causa disso, e lia um salmo ou outro, escolhido aleatoriamente, pra aliviar minha consciência.  Às vezes, lia alguns capítulos de algum dos evangelhos (também sem ordem), ou de alguma epístola, mas ficava aquela sensação de desorganização. Eu pensava , “estou lendo um livro, como vou entender sua história se continuar assim, pra lá e pra cá, sem obedecer uma sequência?”.

Foi mais ou menos nessa fase que eu meio que desisti da Bíblia e decidi procurar livros cristãos e estudos bíblicos em blogs e sites na internet, para matar minha fome de conhecimento – o que não me ajudou muito, vale salientar. É claro que há muita coisa boa escrita por muita gente experiente no assunto, mas diante de tanta coisa diferente sendo afirmada com tanta veemência, como eu saberia o que realmente era bom?

Sem pensar muito nisso, devorei dezenas de livros em meses, e me engasguei com muitas “espinhas” que me incomodaram por anos. Por onde tenho passado ensinando a Palavra e conversando com as pessoas, tenho percebido que este é o calcanhar de aquiles de muito crente bem intencionado e estudioso, que tem caído em pegadinhas doutrinárias, enganos e erros simples (só que não), que poderiam ser evitados ou resolvidos com um pouco mais de conhecimento.

Mas graças a Deus, a luz chegou! Gradativamente, comecei a compreender algumas coisas acerca da Palavra de Deus que foram fundamentais na minha busca pela verdade, e senti o desejo de compartilhá-las aqui no blog.

É claro, entretanto, que não dá pra fazer isso em um texto apenas. É por essa razão que será necessário transformar esse post num tipo de série. Mas quero ressaltar que não pretendo ser sistemática ou “profunda” demais, embora vá pontuar algumas “regrinhas” que descobri como muito relevantes para a leitura e interpretação bíblicas.

Minha ideia é facilitar! Quero, de forma simples e direta, ajudar os irmãos a também usufruírem melhor do estudo das Sagradas Escrituras.

Espero que você seja abençoado, e quero que saiba que pode comentar e/ou fazer perguntas relacionadas ao assunto, dando sugestões que poderão (ou não, tá pessoal?) tornar-se tema dos posts.

Paz a todos e até lá!

aliança com DeusQuem vai me separar do amor de Cristo?

Ninguém, absolutamente, pois não há como fazê-lo!

Nem problemas, nem tempos difíceis, nem ódio, nem amargura, nem fome, nem desamparo, nem vergonha, nem ameaças, nem punhaladas nas costas, nem medo, nem mesmo os piores pecados listados nas Escrituras…

Nada disso me intimida, porque Jesus me ama.

Estou plenamente convencida de que NADA – nem a morte nem a vida, nem anjos ou demônios, nem a situação presente e nem qualquer circunstância futura, nem poderes, nem alturas vertiginosas ou profundidades insondáveis, nem distâncias, nem silêncios, nem vazios, nem qualquer criatura do universo – ABSOLUTAMENTE NADA! pode me separar do amor de Deus por mim, que foi provado na cruz, pelo sacrifício do meu Jesus!

Eu sou DELE e ele é MEU.

Esse amor está em mim, e eu estou nele.

Somos UM, unidos e misturados, sem emendas…

E continuaremos assim para todo o sempre, eternamente, amém!